Mas se até para os novos era difícil emprego, para um idoso, quase impossível. Neste meio tempo, cuidaram de um filho que faleceu. Conseguiram seu benefício e juntaram uma renda de três salários mínimos, cerca de R$ 2.800,00. Não tinham do que reclamar. A casa era própria e ainda gastavam pouco com remédio.
Seu Henrique faleceu. Dona Joana não conseguiu ficar com toda a renda, mas com um salário a mais, benefício do marido. Foi quando caiu e começou seu martírio: virou cadeirante, dependendo do uso de fraldas geriátricas e suplementos. Os dois salários tornaram-se insuficiente para pagar cuidadores. A família pequena e todos trabalhando. Fechar as contas ao final de um mês passou a ser uma tortura.
Nomes mudam, mas todos conhecem histórias parecidas. A grande massa que sobrevive da previdência não é a que exorbita nos seus vencimentos, chegando a valores que pessoas como o casal nem consegue entender, pois retiram dos cofres públicos mais de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
Contentam-se com as migalhas que o governo estabelece de salário mínimo, quando algumas instituições apontam que deveria alcançar, ao menos, R$ 1.800,00 (hum mil e oitocentos reais). O grande "pecado" que está sugando pelo ralo o dinheiro de quem pagou uma vida inteira para ter o direito a uma aposentadoria não se refere aos que ganham salário mínimo ou chegam ao limite máximo da previdência.
Um governo de transição que tem a empáfia de querer marcar pela "competência" às custas das massas não entendeu seu papel na História. As reformas precisam ser feitas por um Congresso renovado pelo voto (eleições de 2018?) e um governo que limpe a máquina pública, freie a corrupção e a sonegação. Ainda, se resolvam as pendências na Justiça e a "cassação" de figuras que grudaram e se perpetuam no poder.
Instituições - inclusive Igrejas - aprovaram a greve para frear os descalabros. Mas há outra parte: esquecer discursos vazios e politiqueiros e convencer a maioria silenciosa. A mudança depende das pessoas de bem serem mais ousadas, esquecerem diferenças e que tem jeito de fazer um Brasil melhor. Se não foi possível para dona Joana e seu Henrique, ao menos que o seja para nosssos filhos e netos, as próximas gerações.
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