segunda-feira, 8 de maio de 2017

Sindicatos, associações, igrejas...

As mobilizações recentes contra os pacotes que o governo federal organizou na política, previdência e regulando as relações de emprego fizeram a sociedade redefinir o papel dos agentes envolvidos, especialmente daqueles que não estavam em cena ou confundidos nos ambientes políticos partidários.
Ponto um, como recurso de lembrança, todo cidadão faz política, a "arte do bem comum". Fazer política partidária é outra história. Este cidadão pode ser atraído a participar de grupos como sindicatos - defender interesses da sua categoria; associação de bairro - resolver problemas da vizinhança; ou religião, congregar quem leva a vida para celebrar nas igrejas e traz para as ruas ideiais de paz e de justiça.
São papeis distintos. Importantes, socialmente, mas que não podem e não devem ser confundidos. Nem misturados. A política, em si, deve dar abrigo a todas as causas. O lugar onde todos se sentem acolhidos e encontram respaldo para discutir e encontrar soluções para seus problemas.
Há momentos de mobilização geral - este é um deles - porque "um bem maior se levanta". É preciso defender especialmente quem já não tem forças, coragem, ou informação suficiente para lutar. Mesmo nestes momentos, é preciso manter a própria identidade. Não deixar de ser "sindicato", "associação", "igreja" para fazer política.
Em todos os casos, sempre existem os inocentes... e os nem tão inocentes assim... Historicamente, políticos profissionais manipulam entidades com falsos discursos em que incorporam falas, mas mantêm fechado um cofre de maldades! As instituições aprenderam - da forma mais difícil - que devem participar, mas não se deixar seduzir.
Em aula, lembramos o surgimento do PT, no ABC Paulista. Respaldados pelo bispo, utilizou espaços da igreja, enquanto as ruas eram ocupadas pelos militares. Com o restabelecimento da democracia foi hora de cada um tomar o seu rumo. Houve quebra de pratos: uma posição lúcida e ponderada foi vista como abandono das lutas. Muitos se afastaram, até abandonaram a Igreja.
A tutela é inconveniente: as Igrejas não devem controlar o processo político ou os políticos manipularem religiosos. O poder político seduz. Victor Hugo dizia: "entre um governo que faz o mal e o povo que o consente há uma cumplicidade vergonhosa". Consciência crítica muda representantes que elegemos. Somos corresponsáveis também por fazer mudanças que se anunciam, não como ação de partidos, mas de uma sociedade que volta a se organizar para exigir seus direitos.

 

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