Artigo da semana:
Gosto de música. Não tenho um gênero específico. Prefiro a boa música. Especialmente as românticas, revestindo uma boa poesia. Minha playlist vai de Roberto Carlos, passando por Toquinho e Oswaldo Montenegro, até chegar a James Blunt, com seu rock com baladas românticas. Fui testemunha de uma época em que a música de qualidade era cultivada e sorvida num ritmo bem mais lento, quando se sabia as canções preferidas de cor e a industrialização ainda não havia banalizado as composições.
Foi o que lembrei ouvindo um programa de sertanejo, domingo pela manhã. Fiquei chocado em ver que os supostos compositores falavam em “parir” músicas como uma chocadeira. Ficou pior quando apresentaram os mais “recentes sucessos”, absolutamente desconhecidos para mim (ainda bem!), com a ausência de qualquer senso de bom gosto nas letras e arranjos musicais. Literalmente, uma produção descartável que, se emplacou esta versão ou os eventos ligados à área, desaparecerão em seguida da memória.Meu primeiro radinho de pilha chegou quando completei 15 anos (1970). Era presente para acompanhar a Copa do Mundo de Futebol daquele ano. Junto com os fones de ouvido, passou a ser meu companheiro de todas as noites. Era o auge da Jovem Guarda e, claro, Roberto Carlos era o rei. Depois, vieram as festinhas dos grupos de jovens e as discotecas. Ali também havia espaço para a música romântica. Oportunidade para os casais ficarem mais próximos. Quando começamos a receber a música dos estrangeiros.
As canções italianas, em especial, com um romantismo insuperável, por quase três décadas, tornaram-se referencial para jovens apaixonados. O grande propagador era o Festival de San Remo. Em seguida, era lançado um long play com os destaques e os suspiros inevitáveis. Como levava um tempo para chegar, era comum que já houvesse no Brasil versão cantada por um grupo local. E o equívoco engraçado ao se questionar porque os estrangeiros “copiavam” tanto as nossas músicas… Quando era exatamente o contrário!
A música sertaneja teve um tempo forte no Brasil, especialmente na década de 80 e 90. O cancioneiro raiz que, no sul, se ouvia apenas na madrugada, por emissoras de ondas curtas do centro do país, popularizou-se com nomes que estão aí, no mercado, até hoje. Também tenho as preferidas desta vertente. Porque música boa é aquela que acarinha os sentidos quando se precisa ouvir algo que torne o dia a dia mais leve. Nacional ou estrangeira, o importante é que “grude” na memória e aqueça um coração que sonha em ser bailarino…