Busquei formas de enganá-lo.
Naveguei pelo calendário
Sem compromissos com o tiquetaquear
das horas.
Quando percebi o relógio da
existência,
Já era tarde:
Inebriado, esqueci da realidade
E mergulhei no redemoinho da
imaginação.
Um turbilhão.
Quis gritar pedindo pela tua
insensatez.
Havia perdido a noção e já não me
importava
Com a idade do corpo físico,
Com as marcas que o mudaram,
Assim como as dificuldades que
Venceram meus reflexos juvenis
E me obrigaram a andar sem pressa.
Confundi vagareza com prudência.
Confinei lágrimas e risos
Nos momentos em que esperavam por
um adulto.
Era necessário estabelecer
referências,
Tornar-me aquilo que desejavam,
Deixar a fase
Da crença nos eternos sonhos
possíveis,
Em que não pensava que a vida
pudesse ser finita...
Apesar de que o espírito teime
Em se sentir como em outros tempos,
O que vi na imagem refletida
Foi de alguém que deixou escapar
As gotas da vida que escorreram
pela flor,
Brilharam por um instante,
E, como a lágrima,
Regaram os caminhos por onde andei.
O espelho brinca comigo.
Ali onde o devaneio
Fez desfilar rostos e corpos,
Que não apenas trocaram de figura,
Mas moldaram sentidos,
Com ausências e ressentimentos.
Os musgos se
Acumularam pelas fendas dos
sonhos...
Hora de fazer as pazes com a vida.
Quanto tempo resta? Difícil dizer.
O certo é que estou distante
Dos tempos da juventude.
Nos contornos que imprecisam o
tempo,
Tracei o caminho que se chama
destino,
Sabendo que a chegada deu direito à
vida e,
Em algum momento,
Preciso cruzar a linha da partida...
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