O tempo invejou
Escultores, tecelões e amantes.
Moldurou rostos,
Onde traçou a delicadeza
Que somente quem usufrui da vida
Consegue transparecer.
A serenidade dos que viram a
existência fluir,
Valorizando a jornada e o caminho.
A meiguice dos primeiros traçados
Deram lugar à firmeza das linhas,
Que o açoite das horas, dos dias
E dos anos rabiscaram em tua face.
Foi na velhice
Que a riqueza de um mosaico
Plasmou as nuances do teu
semblante.
Admirado,
Encantava-me em procurar
Nos esboços recém delineados
O Artista que teve paciência e
carinho
Ao produzir traços irregulares,
Em que deixou de lado a simetria,
Imergiu nos detalhes,
Valorizou o que se torna universal.
Depois de maravilhados pelos olhos,
Recebem
A confirmação das mãos,
Que fazem seu próprio percurso,
Rabiscando
Surpresas pela aventura
Em que se envolvem
Os sentidos e as expectativas.
O escultor acaricia a pedra e
Antecipa os detalhes de um corpo.
O tecelão entrelaça a tela,
Sabendo que os dedos
Despertam vida na imagem
Que vem à tona, ainda sonolenta.
Os contornos que buscam a forma,
No traçado que se infinita.
Ou quando o amante cerra os olhos,
Desliza os dedos pelo corpo amado,
No aprendizado de que não há apenas
um rumo,
Mas a multiplicidade de suspiros e
anseios.
É a duração de uma existência...
O suficiente para saber que
O detalhe tem o tamanho da própria
vida.
Que não oferece uma segunda chance!
Nenhum comentário:
Postar um comentário