A virada do ano traz a necessidade de que se renovem pautas que ficaram pendentes em 2023. Recentemente, o mestre Rogério Xavier trouxe uma discussão interessante nos espaços da Academia Sul Brasileira de Letras a respeito de educação, desde seu básico até as necessidades culturais da população. Em tempos em que o Congresso Nacional se dá ao direito (deboche) de aumentar sensivelmente o fundo eleitoral para 4,9 bilhões de reais, retirados da ponta onde necrosa a vida social: os pobres e os miseráveis do Brasil.
Assim como os fundos eleitorais, o caixa da
sociedade brasileira faz água com as emendas parlamentares (sem falar do mau
uso da máquina pública) que “libera geral” a gastança, quase sempre por motivos
eleitoreiros. São recursos que acabam fazendo falta para que se inicie
exatamente pelo início: a educação, escolinhas básicas e de primeiro grau, onde
falta de tudo: do físico, passando pela motivação, até um salário decente (que
não precisa ser o dos congressistas, mas que também não necessita estar tão
distante).
Com todos os defeitos que possa ter, a Coréia do Sul acreditou na educação para fazer as mudanças sociais. Lá, como aqui, também existem casos de corrupção. A diferença é que, apanhados, pagam. E bem. E aqui? Infelizmente, nos três poderes, se veem políticos e administradores públicos querendo se perpetuar e sangrando os cofres públicos. Embora os discursos da necessidade de um pacto pela educação, na prática, nenhum deles quer abrir mão das benesses de cumprimentar com o chapéu alheio...
Escolas em condições físicas e equipadas, material
escolar necessário, funcionários e professores bem pagos, por enquanto,
mostra-se apenas um sonho. Seguido da escola em dois turnos efetivos, sem
desculpas para que os pais precisem deixar suas ocupações a fim de buscar filhos
sob o pretexto de reuniões em horários de aulas. Sim, porque se é preciso
denunciar as autoridades, também o é a apatia generalizada que faz com que, em
muitos casos, professores se esforcem para ensinar, enquanto alunos ficam indiferentes.
Um processo de mudanças necessita de gerações para
ser efetivado. Com honrosas exceções em áreas com tradição cultural de
imigrantes, por exemplo. O que comprova existir um mesmo Brasil e,
infelizmente, diferentes realidades. Mesmo assim, em algum momento, é preciso
iniciar. Os formadores de opinião também entraram na onda da inércia
(lideranças de associações, sindicatos, igrejas...), no entanto, são os mesmos
que têm a obrigação moral de levantar bandeiras difíceis numa sociedade
polarizada.
Já se tem algumas gerações perdidas pelo pecado da
indiferença e da omissão. Que se acirra nos grotões e áreas periféricas das
médias e grandes cidades. Sem gestão social, que sentido tem ser a nona
economia do Mundo? Somos perseguidos pela amaldiçoada máxima do ex-ministro
Delfin Neto: “é preciso aumentar o bolo para reparti-lo”. O bolo, há muito
tempo, ultrapassou a possibilidade de atender todas as necessidades.
Infelizmente, sobraram para a população migalhas travestidas de benemerência...
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