sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

A primeira chuva de inverno...

Na primeira chuva de inverno,

Gotículas se desprendem das nuvens

E tomam o rumo da terra.

No caminho,

Acariciam o topo das árvores,

À espera dos primeiros raios de Sol.

Depois, descem pelas folhas,

Brincando com uma nesga de claridade.

 


Pequenos cristais multicoloridos

Deslizando,

Acariciando os galhos e a ramagem.

Pontos de luz que enfeitam o verde,

Cintilam numa trilha em que,

Ao beijar o chão, a seiva

Se transforma em ventura:

Prepara o solo para novos brotos.

 

Dão um norte às raízes,

Nas entranhas silenciosas,

Onde dormita a vida.

Depois, afloram nos mananciais,

Sem a preocupação com a intensidade.

Percorrem longas distâncias,

Juntam-se às nascentes, córregos, rios...

Até troarem nas quedas d'água e cascatas.

 

No mistério dos ciclos que extasia,

Têm a certeza de que reiniciam

O rumo que se infinita.

Aos poucos,

Tornam-se densas,

Precedidas pela névoa que aconchega,

No lugar em que as certezas se perdem

No que realmente encontra sentido...

 

Em meio à mata ou no descampado,

Perpetuam as etapas da vida,

Onde explicações dão lugar

Ao tempo que não se repete.

Mudam ao seguir seu rumo,

Amadurecidas,

Retornando ao destino,

Com as marcas que receberam do caminho.

 

Flutuam na bruma, na chuva, no frio,

Na escuridão e na tempestade.

Gotículas que não se importam

Com o olhar atento do Universo.

Absorvem brilhos e sentidos.

Entre o céu e a terra, traçam o rumo da

Derradeira jornada pelas estrelas!

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