A discussão, agora tem nome e sobrenome: Eduardo Leite, o pelotense que é governador do estado do Rio Grande do Sul. Num programa de alcance nacional, Conversa com Bial, disse: “Eu sou gay. E sou um governador gay, e não um gay governador, tanto quanto Obama, nos Estados Unidos, não foi um negro presidente, foi um presidente negro. E tenho orgulho disso.” E completou: “Apenas achava que minha orientação sexual era uma questão privada, mas com a exposição nacional, a partir do momento em que assumi a pré-candidatura a presidente, entendi que era importante falar.”
Confesso que não sei se é melhor tornar público, ou, o “menos pior”… Infelizmente, há uma “tolerância” que reveste o preconceito entranhado numa cultura “machista”. Quando converso com jovens e chegam a este tema, dou minha opinião: numa sociedade como a nossa, tornar público não diminui a pressão. Marco Nanine disse numa ocasião que, depois do anúncio de que era gay, em todas as entrevistas que dava, em algum momento, alguém perguntava pelo assunto. Sabendo que o mesmo não acontecia com outros artistas héteros, que não precisavam dar explicações.
O papa Francisco, em uma de suas primeiras entrevistas, pediu respeito aos homossexuais e disse que não condenava a pessoa em si (“quem sou eu para condenar alguém”), mas que a igreja não aceita este tipo de relacionamento. Há muitas lideranças religiosas de diversos credos que pedem a discrição tanto para hétero, quanto para homossexuais. Como dizia uma velha amiga, “ninguém precisa andar se esfregando na rua e entre quatro paredes é entre eles e as suas consciências”.
Leite é cidadão íntegro, por caráter e formação. O filho do Marasco e da Lica forjou em família valores que testemunha para um estado difícil, por não ser “o mais politizado da federação”, mas em que a intolerância está enraizada em atitudes do dia a dia. Por exemplo, ocasiões em que se ouve chamar de “bichinha” e, cobrado, defende-se com uma desculpa esfarrapada: “eu tava brincando”. Não tava brincando, não, estava deixando escorrer o veneno que já fez muitas vítimas…
Não somos “polo exportador de veados”, como certa liderança política brincou. Quem dera o estado que já teve um governador negro, uma governadora mulher, respeitasse o fato de que, agora, tem um governador gay. O preconceito, neste caso, é a ignorância que afasta da verdade. Eduardo é alguém que não tem por bandeira uma opção sexual, mas a defesa da integridade da alma de todos os gaúchos, já tão esfarrapada, necessitando de um agregador que respeita e merece ser respeitado!
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