quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Uma "pandemia" para a educação?


A pandemia do coronavírus provou o que já se sabia há muito tempo: recursos existem, mas dependem de decisões políticas para terem sua destinação adequada. Caso da saúde, que já beirava o caos e, de uma hora para a outra, precisou que se encontrassem formas de equipar hospitais e postos de atendimento, qualificar e pagar pessoal, ter insumos que atendessem desde a limpeza até o consumo de medicações. Infelizmente, também se viu que os "abutres" passaram a rondar a área...

"A dor ensina a gemer" é um ditado popular que faz sentido nesta época. Lideranças políticas e administrativas foram pressionadas a dar respostas para problemas que atropelaram o conhecimento que se tinha e planejar alternativas dos males que poderiam acontecer. Mesmo assim, tem gente achando que o remédio foi pior do que a doença, para quem preferiu prevenir do que correr atrás. O número de curados passa a ter valor significativo, mas ressalta as mortes que poderiam ter sido evitadas. 

Nestes dias em que parte dos escolares volta à sala de aula, a pandemia priorizou o que mobilizações não conseguiram: recursos para uma das áreas sociais que mais enfrenta problemas - a saúde. Com um viés sombrio: a piora foi gradativa, acostumando parte da população, como se isto tenha se transformado no "normal": "é assim e sempre foi assim!". O pensamento que não quer calar é: serão necessárias outras "pandemias", em áreas como a educação, segurança, habitação para se obter respostas efetivas?

Responsáveis e alunos correm atrás de soluções que precisam ser construídas a partir de modelos já existentes - como o ensino a distância - alternativa remota para o acesso de quem tem dificuldades com o presencial. Questiona-se a qualidade do que é oferecido e a capacidade de quem o procura de receber uma educação que, de fato, atenda ao aluno. De uma hora para a outra, problemas restritos exigiram solução de massa, sem ter receita para o atacado e tendo que atender às picuinhas do varejo...

De todas as discussões que se fazia antes do coronavírus, uma é certa: o estado deve estar presente, normatizar e fiscalizar - de fato - o ensino. Em especial, estabelecer as prioridades, começando pelo básico. Com problemas econômicos no horizonte - já a partir deste ano - escolas terão que dar respostas a questões elementares nas áreas de educação, alimentação e saúde. De forma criativa, liberar os pais para a luta pela sobrevivência, sem tirar das crianças os mínimos direitos de se constituírem cidadãs. 

Não há como resolver todos os problemas de uma só vez. O processo educacional é uma estrada onde se aprende mais do que colher flores, retirar ervas daninhas, remover pedras e afastar insetos. Leva em conta o lugar social de onde se vêm, na maior parte das vezes, com absoluta pobreza de recursos. Caminhar sem medo dos problemas e recomeçando, juntos, todas a vez que uma criança tropeçar e ficar para trás...

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