domingo, 22 de novembro de 2020

O detalhe entre um triste Natal e um Feliz Natal!

No próximo domingo, 29, além das eleições em segundo turno para muitos municípios, as religiões cristãs marcam o início do período natalino, quando, por quatro fins de semana, faz-se memória e preparação para o nascimento de Jesus Cristo. Tempo de ornamentar a casa, montar a árvore de Natal, colocar à porta uma guirlanda, que represente a renovação, e a contagem regressiva, acendendo as velas na coroa do Advento. Em tempos bicudos, o comércio já faz as suas campanhas, certo de que o Papai Noel, este ano, se vier, vai estar com os bolsos bem mais vazios...

O chamado "espírito de Natal" é contado em livros, filmes, páginas de jornais, pela internet, enfim, com momentos hilários, espírito aventureiro, mas, ao final, restando o sentimento de que deveria ser um tempo de emoção por muitos reencontros de familiares e amigos, recuperando ou refazendo laços que, de alguma forma foram perdidos no ano que passou. Por algum condão encantado, estamos mais propícios à bondade e à concórdia, tendo plena convicção de que o Natal não é um período de final do ano e sim um estado de espírito.

O que é festa para muitos, é tristeza e, até, depressão, para alguns. Experiências com pessoas idosas ou doentes, especialmente ao se aproximar do final, é a de que aumenta a possibilidade de que este não seja um tempo de alegrias - talvez sequer de tristezas - mas de muita saudades e sentimento de solidão, mesmo estando acompanhado de familiares...  J.J. Camargo é médico e escreve com propriedade e sensibilidade para o jornal Zero Hora de domingo. Na edição deste final de semana, afirmou: "quem pensa que câncer é a pior das doenças, não tem ideia do que seja a solidão na velhice".

Reli mais do que uma vez a história que contou quando recebeu para consulta uma senhora idosa que vive sozinha, já viúva e longe do filho. Com o veredito da doença, deseja preparar o filho e trazê-lo de volta, porque não quer morrer sozinha e já sente que o seu final se aproxima. A conversa descontraída, mais do que de médico e sua paciente, entre uma pessoa fragilizada e seu confidente. Com um final surpreendente: o pedido de usar o álcool gel para higienizar as próprias mãos e as do profissional, para poder segurar durante alguns instantes as suas mãos...

O papa Francisco disse: "sempre que possível, dê um sorriso a um estranho na rua. Pode ser o único gesto de amor que ele verá no dia." Estamos perdendo o espírito natalino por detalhes: nos desacostumando de prestar atenção em quem passa ou convive conosco, perdendo a sensibilidade para tristezas e decepções alheias. Há tantos "ruídos" por querermos fazer de tudo e não nos damos conta de alguém que não se sente disposto a festejos e entrou em depressão... Num período tão curto - mas tão intenso - ouvir, olhar e sorrir mais pode parecer quase nada, mas é a diferença entre fazer um triste Natal ou um Feliz Natal!

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