quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Desculpas não protegem a saúde


Ela apareceu de peruca no corpo do Jornal do Almoço... Algum tempo depois, já no RBS Esportes, mostrava seu cabelo curtíssimo, modulando o belo e expressivo rosto da apresentadora pelotense... Entre um e outro, anunciou que deixava de usar o cabelo postiço para se mostrar tal e qual estava agora, depois de passar por um carcinoma - o câncer de mama. Alice Bastos Neves, sem perder o sorriso e a simpatia, postou-se ao lado de mulheres que enfrentam situações parecidas e reforçam a conscientização do Outubro Rosa.

O Outubro Rosa - prevenção do câncer de mama (e mais recentemente sobre o câncer de colo do útero) - assim como o Novembro Azul - cuidados com o câncer de próstata - transformaram-se em momentos emblemáticos no tratamento de doenças que podem ser curadas se atendidas adequadamente. As mulheres já compreenderam que faz parte das suas rotinas, enquanto parcela dos homens se equilibra entre saber que precisa e a maledicência de quem é atrasado e preconceituoso e acaba fazendo seguidores...

"Quanto antes melhor" é a chave motivadora e deve servir de incentivo a que se busque suporte adequado em postos de atendimento da rede pública ou particular. As campanhas precisam ganhar suporte das redes de atendimento para adequar sistemas de prevenção e, depois de detectado, fazer o tratamento. Porém, é preciso começar o mais cedo possível para evitar o pior. Esta não é uma área para se fazer politicagem, não bastando anúncios bem elaborados em meios de comunicação, se, depois, na prática, não encontram o atendimento devido.

As pacientes que necessitam deste serviço já encontravam dificuldades em conseguir consultas médicas e exames. A pandemia do coronavírus, infelizmente, piorou a situação. Recentemente, quando o Ministério da Saúde lançou a campanha do Outubro Rosa 2020, foi apresentado um levantamento feito pela Fundação do Câncer, com base nos dados do Sistema Único de Saúde (SUS), que indicou a queda de 84% nas mamografias feitas no Brasil, em comparação com o mesmo período do ano passado.

A diminuição de atendimentos mostrou o quanto é preocupante - enquanto ainda se tem no horizonte uma segunda onda do coronavírus - este refluxo da crise sanitária. Exige um cuidado com o  represamento de exames e tratamentos que foram interrompidos ou adiados. Das muitas consequências para o pós-pandemia, está lançado um desafio para o SUS, demonstrando que a saúde pública, mais do que nunca, precisa ser prioridade para os governos.

Desculpas não protegem a saúde: dadas pelas autoridades ou atendentes dos serviços nos pontos em que a população tem seu acesso e as que "justificam" que não se insista com o direito previsto pela universalização do atendimento à saúde. Neste momento de fragilidade, sente-se na pele as dificuldades e as incertezas. O mantra continua o mesmo: "Vai passar!" Mas, enquanto não passa, não custa nada cada um insistir e fazer a sua parte...

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