Gosto de nomes e situações que fogem ao convencional, sem serem pretensiosos. Em programa de rádio, lembramos de alguns e disse que um dos que me marcou se chamava "Pelotense a caminho do Sol". Poético: pleno de sentido e de atrativo. Depois, a televisão anunciou espaço de entrevistas que valorizava o que pessoas que convivem conhecem uma das outras. "Simples assim" não aponta diagnóstico nos relacionamentos, mas se dar conta de que, na maior parte das vezes, a graça é que a vida é, mesmo, simples assim...
Quando faço minha oração, sempre leio algo sobre o santo do dia. Pessoas especiais que nem sempre foram marcantes por mudanças sociais, mas fizeram a diferença nos ambientes em que viveram. Agradeço por aqueles e aquelas que a história apontou como diferenciados para sua época, mas especialmente por "santos" e "santas" dos quais não temos nenhum registro, já que viveram plenamente a sua capacidade de empatia com os menos favorecidos ou com quem, naquele momento, precisava de uma mão estendida.
Tive a graça de conhecer alguns destes "santos encarnados". Registrei num texto chamado "a solidariedade de dona Braulina", que ainda mora em nosso meio, na Vila Silveira, e da qual dizia que possivelmente não soubesse dar uma definição para "solidariedade", mas sim o que fazer com ela, na prática... Daquelas pessoas para quem se deve pedir a "bênção" por cada vez em que visita um doente, leva uma "quentinha" para uma família, ou passa com uma trouxa de roupa para lavar e aliviar as dificuldades de alguém.
Quando escrevi sobre música italiana, um comentário veio da minha prima Leli. Lembrou a versão da música "era um garoto que como eu...", do italiano, 1967, quando Gianni Morandi interpretou "c'era un ragazzo che come me...". Das preferidas, que não citei. Parece que existia um motivo especial... Podem pensar que não tem nada a ver, mas foi minha lembrança quando comecei a tomar conhecimento e me interessar pela vida de quem pode ser o mais novo santo da igreja católica: Carlo Acutis!
Desenterrado e com grande parte do seu corpo encontrado em bom estado de conservação, foi elevado ao altar dos beatos, o primeiro passo para sua santificação, vestindo calças jeans e tênis Nike. Morreu aos 15 anos vítima de uma leucemia repentina. No dia 10 de outubro, foi beatificado em Assis, na Itália. Garoto típico do século XXI, fez seu apostolado pela comunicação, informática e redes sociais, conectado com uma geração de católicos afastada de muitos mitos da santificação.
O jornal El Pais o chamou de “influencer de Deus”. Dançando diante da câmera, jogando futebol, rezando o terço ou ante a Eucaristia... apenas "um garoto que como eu..." amava a vida e sua fé o consagrou na morte. Um novo referencial para jovens que, como na música, não tem a guerra como perspectiva, mas precisam ser resgatados da indiferença e, olhando para Carlo Acutis, encontrar um santo pra chamar de seu...
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