Quem se dá ao trabalho de olhar os arquivos de jornais desta época, em anos passados, tem a impressão de que as notícias de final de semana são repetidas, no que se refere a acidentes de trânsito. As noites de sexta e de sábado têm como consequência as manchetes do tipo: "atravessou a contramão e foi bater num muro", "parou num poste", "colidiu de frente com outro veículo"... Em alguns casos, ainda há resquícios da noitada, com garrafas pelo bancos, ou sinais de embriagues do condutor.
As campanhas de conscientização e as multas não têm sido suficientes para estancar uma combinação que não dá certo: consumo de álcool e assumir a direção. A euforia da bebida, assim como o seu "relaxamento", transtornam os sentidos, fazendo com que se perca o mínimo da sobriedade. Recentemente, em um dos caso, o rapaz saiu do carro acidentado dizendo que não era dele... e outros dois - motorista e carona - desapareceram do local deixando duas meninas feridas, necessitadas de atendimento.
Bebi durante bom tempo e sei que há fatores que auxiliam a parar. Não há uma regra, mas um conjunto de situações que induz, como no meu caso, a dizer: "nesta encarnação, já bebi o suficiente. Agora, nem vinho de Missa!" Quase sempre o consumo inicia no lar, acompanhando pais e amigos. O que parece ser apenas um ato social se tornar o caminho para o alcoolismo. São sem graça as brincadeiras do tipo: "já está na hora do fulaninho tomar um pileque para aprender a ser homem!"
Nunca pessoa alcoolizada se prestou para auxiliar a outros num acidente. A perda da capacidade de avaliar corretamente a situação leva à negação da embriaguez, dificuldade de entender o que aconteceu consigo e com quem prejudicou: danos causados à propriedade de outros, assim como ao patrimônio público. Hoje se fala na necessidade de penalizar naquilo em que alguém foi prejudicado, como as "vítimas" indiretas com a indenização do patrimônio afetado (postes, muros, fachadas...)
Das muitas histórias que acompanhei, sensibilizou-me o atendimento dado por um policial. Depois de recolher um cidadão embriagado, foi atender a vítima, que saíra do carro e estava encostada a um outro veículo em estado de choque. A conversa não surtia efeito. O policial mais idoso não teve dúvida, abraçou o rapaz como quem acolhe o filho numa situação difícil. Foi o suficiente para que relaxasse e viessem as lágrimas, assustado e necessitado de alguém que o auxiliasse na volta à realidade.
Sugestão para campanha de trânsito: "antes de se achar senhor do Mundo à direção, acredite, você é um ser humanos" - cuidando de seus semelhantes: na passarela de pedestres, usando cadeirinha para crianças, "motorista da rodada" sem beber numa festa... Alegria e paz no final de ano. Sem a notícia de que um de nossos jovens, infelizmente, acabou com uma vida de sonhos. E não vai mais voltar para casa...
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