domingo, 9 de dezembro de 2018

Convívios e reencontros...

Foi a Clotilde quem fez a pergunta: "tu te sentes velho?" Já havia pensado nisto, portanto, não era difícil responder: "não, não me sinto velho, mesmo que isto não impeça que eu já esteja envelhecendo!" O questionamento nasceu de um comentário feito pelo Antônio de que, cada vez mais, me pareço com meu pai, o seu Manoel.
Expliquei que era uma honra a comparação. Afinal, um homem que enfrentou tempos difíceis e morreu aos 85 anos abatido por um câncer, mas que tinha condições de ter vivido bem mais. Depois que deixou de fumar, aos 55 anos, manteve-se elegante, ereto, sem a presença nefasta de barriga, como, infelizmente, acontece comigo...
A conversa continuou. Me senti na obrigação de compartilhar observações: a própria pessoa não sente que envelheceu, a não ser que seu corpo esteja pagando com uma doença degenerativa, falta de atividade física, de cuidados com a alimentação, cigarro, bebida...
O que faz com que nos sintamos velhos são as ausências... Aqueles que já morreram, foram para outros lugares ou que, mesmo as distâncias sendo curtas, se tornaram ausentes do nosso convívio. Especialmente as pessoas que ficam doentes ou que a velhice se prolonga experimentam o quanto se gostaria de ter próximo quem foi especial para nós, mas que a recíproca não é verdadeira.
A capacidade de autonomia - em qualquer etapa da vida - depende daquilo que aprendemos e das oportunidades que se construiu. Até no envelhecer. Andar pelas ruas procurando nos outros os traços que mostram o passar do tempo é esquecer que o espelho é um conselheiro implacável que não permite enganos.
A Natureza é sábia e seleta. Quando dá uma oportunidade para que se viva mais, também alcança as condições para aproveitar melhor esta etapa. Já não se precisa de todas as pessoas sempre. Ocasiões em que se formam multidões ou muita agitação já não agradam, mas permite andar por uma calçada sorvendo o sol da manhã, vendo crianças que ajudam os pais no pátio, passe por uma grávida que sonha com o futuro...
Futuro um dia sonhado, que virou realidade, fez atravessar e viver parte da História. Reencontrar amigos e conhecidos alimenta os dias em que nos recolhemos ao silêncio. Aos 63 anos, posso até estar no alvorecer da terceira idade, mas sei, com certeza, que viver é uma bênção. Uma bênção em que o tempo não permite que se perca a esperança. Não mais de grandes realizações, apenas de convívios e reencontros... porque aprender a viver bem o envelhecimento é já sentir um gostinho da própria Eternidade!

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