Uma equipe de reportagem brasileira foi aos Estados Unidos conhecer o trabalho de um “encantador de cavalos”. Não usa métodos violentos para o que chama de “adestramento” e não “doma”. Métodos simples aprendidos com os indígenas, em que é preciso que homem e animal estabeleçam mútua confiança, pois têm em comum a busca pela liberdade em, ao menos, dois sentidos.
Recentemente, o “encantador de cavalos” veio ao Brasil. Além de mostrar sua técnica em fazer com que os animais superem traumas com chicotes, materiais perfurantes e transposição de águas, ainda apresentou outra faceta do seu trabalho: a preparação de cavalos para auxiliar no tratamento de pessoas com deficiência física, especialmente portadores da Síndrome de Down.
Era contrastante: na arena onde exibia sua capacidade de fazer com que animais ariscos o seguissem com absoluta docilidade, pessoas iam às lágrimas como reconhecimento de que gestos simples, impregnados de reconhecimento do valor do outro ser, são capazes de fazer a diferença entre adestrar e domar. Estava atendida a primeira qualificação: homem e cavalo cavalgando livres por espaços onde o mais importante é unir o pulsar da força animal com a Natureza.
Mas havia uma segunda qualificação, quando se via um cavalo, montado por um deficiente, acompanhado por profissionais da fisioterapia ou do Exército, e ficava um nó na garganta. Aqueles homens e mulheres não tinham no animal apenas um serviçal, mas um companheiro, um cúmplice na arte de restaurar sensibilidades. Também propiciavam um tipo de libertação: da restrição de movimentos e de sentir que poderiam superar o que uma deficiência colocou como restrição de movimento.
Aquele gringo, já de alguma idade, se sensibiliza ao preparar um animal e, em especial, quando o coloca no processo de recuperação de um paciente. Aqui está um belo exemplo: trabalho, solidariedade e uma boa dose de disponibilidade para vencer toda e qualquer barreira, liberando o corpo, mas, especialmente, o espírito aprisionado por restrições físicas ou por bloqueios emocionais.
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