terça-feira, 4 de maio de 2010

Pelo prazer de apenas dirigir

Estamos fartos de ouvir, mas é uma verdade: nosso problema não é de legislação, mas de cidadãos sabedores da sua existência e autoridades dispostas a aplicá-la. Isto fica claro no trânsito, onde a falta de consciência coletiva e o sentimento de impunidade permite atrocidades. O resultado está aí: todos os dias os jornais estampam manchetes com acidentes envolvendo todo o tipo de veículo, trazendo consequências: mortes traumáticas ou seqüelas físicas e psicológicas para o resto da vida.
De quem é a culpa? Quase sempre do motorista que acha que por trás da direção pode tudo, isentando-se de responsabilidade e culpando o outro condutor ou mesmo o pedestre. Pessoas normalmente tranqüilas no seu dia a dia sofrem um transtorno quando assumem a direção: esquecem seus valores fundamentais, como a vida e o respeito pelo outro – veja-se a preferência para pedestres; o cruzamento à esquerda ou à direita, quando há acostamento; ou mesmo o som em altura impossível de ser suportado.
Ouvi histórias de arrepiar: uma senhora estacionou em frente a um colégio particular, em fila dupla, acionou o pisca alerta, fechou a caminhonete e foi lá dentro com toda a tranqüilidade, fazer o que queria. No outro caso, um filho cobrou do pai comportamento adequado no trânsito e ouviu a máxima: “se os azulzinhos não estiverem vendo, filho, pode fazer qualquer coisa”. E uma prefeitura da zona sul que teria quatro equipamentos para fazer a averiguação de ruídos, mas “não sabe como usá-los...”
Não se tem uma receita fechada para readquirir o bom senso, uma convivência harmônica, mas há sinais: o respeito à faixa de segurança em frente aos colégios pela maioria; sinais e reclamações com aqueles que estacionam em fila dupla e a cobrança para que as autoridades não se omitam, quando fogem dos pontos onde há mais problemas. O carro deve ser um instrumento a serviço do homem, assim como para o seu prazer, não uma arma. A esperança é que a maioria continue a agir de forma correta e nossas crianças e jovens tenham uma nova educação, mais solidária e fraterna. Não havendo receitas e na medida do possível, o bom em qualquer situação – trabalho, passeio, diversão – e usá-lo pelo prazer de apenas dirigir.

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