domingo, 14 de setembro de 2025

Comunhão

Simplesmente assim:

Uma vela está acesa no Santuário.

Dezenas de outras cintilam

Na encosta da Gruta, fazendo com que

O olhar se perca na chama que bruxuleia,

Perdida no tempo em que adormecem as recordações.

Na procissão de quem alimenta a fé,

Uma energia transcende o lugar.

Mexe com cada pedacinho do espírito,

A própria humanidade que

Se luta por preservar, na dureza de cada dia.

 

Rezar é a arte de buscar o Infinito dentro

Do que torna o homem senhor dos seus horizontes.

Tem gosto do medo que vem à garganta,

Dosando com a ternura do que é expectativa.

Um ato de fé em que forças se encontram,

Emergindo de onde desaparece a escuridão.

Crer é receber o abraço de corpos

Que partilham a energia capaz de

Sublimar sentimentos, na sede do que

Transcende o corpo e alcança a alma ao Infinito!


Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/LWgUjxqmJCE.

sábado, 13 de setembro de 2025

As Veias Abertas da América Latina

Leituras e Lembranças:

As Veias Abertas da América Latina, do uruguaio Eduardo Galeano, é obra de não-ficção publicada em 1971 que se tornou um clássico da literatura de denúncia. É análise histórica e econômica detalhada de como a América Latina foi explorada e empobrecida ao longo de séculos. Argumenta que a riqueza natural do continente - como ouro, prata, açúcar, cacau, borracha e petróleo - foi sistematicamente extraída por potências estrangeiras, primeiro a Espanha e Portugal, e mais tarde a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.

A estrutura do livro é dividida em duas partes. "A Pobreza do Homem Como Resultado da Riqueza da Terra": esta parte foca na exploração dos recursos minerais. Galeano descreve a busca incessante por ouro e prata, a escravização dos povos indígenas e africanos, e como essa riqueza escoou para a Europa, financiando o desenvolvimento de outras nações, enquanto a América Latina permanecia subdesenvolvida.

"O Desenvolvimento É uma Viagem com Mais Náufragos do Que Navegantes": aqui, o foco se volta para a exploração agrícola e a subserviência econômica. Explora como o modelo de produção de produtos primários - como o açúcar no Caribe e no Brasil, algodão nos Estados Unidos e o café na América Central - criou dependência e fragilidade econômica. Também critica a intervenção militar e política dos Estados Unidos na região, que garantiu a manutenção de governos favoráveis aos seus interesses.

As Veias Abertas da América Latina é mais do que um livro de história. É denúncia e memória. Galeano não se limita a apresentar fatos; os interpreta, mostrando como o capitalismo e o imperialismo são os principais responsáveis pela miséria e desigualdade na região. A força do livro reside na capacidade de conectar o passado e o presente. Mostra que as estruturas de exploração estabelecidas durante a era colonial não desapareceram, mas se transformaram. A extração de riquezas continua, agora feita por mecanismos financeiros, controle de mercados e intervenções políticas, mantendo a América Latina subserviente.

O livro é polêmico ainda hoje. Recebeu crítica de historiadores sobre a metodologia, classificada como generalista e fontes seletivas para reforçar sua tese. Apesar das controvérsias, o impacto do livro é inegável. Tornou-se leitura fundamental para entender o contexto histórico e as lutas políticas da América Latina. A obra inspira reflexão sobre a justiça social e a soberania dos povos, e continua a ser um ponto de partida para debates sobre desenvolvimento, dependência e a busca por um futuro mais justo no continente.

Pesquisa e imagens da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/qj6nc5CrLa0.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Educação e Inteligência Artificial

Artigo da semana: 

No debate sobre inteligência artificial, uma das discussões mais importantes é sobre o papel que se atribui ao educador. Ele precisa deixar de ser a principal fonte de informação para se tornar um facilitador e um mentor. Como facilitador, guia os alunos por um vasto oceano de informações (que muitos confundem com conhecimento). Sua função é orientar o aluno a fazer as perguntas certas à IA, a filtrar os dados e a verificar a credibilidade das fontes. 

Ensina o que a IA ainda não consegue ter: pensamento crítico, criatividade, colaboração e empatia. Inspira a curiosidade e ajuda os alunos a desenvolverem as habilidades humanas essenciais para usar a tecnologia de forma inteligente e ética. A chave para motivar o aluno a "gastar tempo estudando" é mudar a definição do próprio conceito. Estudar não é mais memorizar, mas sim dominar recursos técnicos e ampliar o conhecimento. Essa máxima já se aplica a outros campos da produção científica e tecnológica.

Em resumo: a IA oferece a resposta, mas o educando traz o contexto. A IA não sabe por que aquela resposta é importante para a vida do aluno. A IA faz o cálculo, mas o educando traz a criatividade. A IA pode escrever um texto, mas não sabe o que o aluno quer expressar ou qual sentimento deseja transmitir. A IA tem dados, mas o educando tem a curiosidade. A IA não sabe "o que não sabe". O aluno precisa ter vontade e motivação para explorar, questionar e descobrir essa ampla gama de possibilidades.

Em um debate que promovo com alunos de Filosofia e Teologia, discutimos os prós e contras da IA, e o que chamo de teoria do "mas" (a indecisão). A tarefa proposta no último encontro foi a de elaborar um trabalho de observação da realidade onde atuam pastoralmente, sistematizar cerca de cinco pontos de um fragmento dessa realidade e pedir auxílio à IA para construir um texto. Ao longo do processo, exercem a sensibilidade e aprimoram seu próprio aprendizado.

As demandas educacionais precisam focar na mudança das estruturas tradicionais, incluindo as de sala de aula. Em espaços informatizados e com maior informalidade, educador e educando se apropriam, em conjunto, do que já existe nos bancos de dados, mas precisam aplicar esse conhecimento a uma realidade específica. O estudo transforma informação em conhecimento e, mais importante, em sabedoria. Que não se restringe ao acúmulo de informações, mas à capacidade de utilizá-las a serviço do bem comum.

Pesquisa e imagens com apoio IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/hmRti6PtGBI.

domingo, 7 de setembro de 2025

A alegria que alimenta a esperança

Simplesmente assim:

Coloca a mão sobre a minha.

A ligação mais preciosa, quando

Preciso da tua energia para não desistir.

As palavras até podem ser desnecessárias,

Mas teus dedos massageiam 

A cumplicidade que se derrama por teu olhar.

O momento perfeito para fugir 

da marcação das horas e mergulhar

Na compreensão do que é Mistério…


Como os pingos da chuva

Que se equilibram no varal das roupas.

Na bruma de uma manhã em que esperam,

Confiantes, que o Sol acarinhe e, pouco a pouco,

Dê a oportunidade de fecundar a terra.

Onde germinam pequenos gestos,

Ínfimos momentos de ternura,

O suficiente para que os olhos se encham

Da alegria que alimenta a esperança!


Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/EqYof1bKMVM.

sábado, 6 de setembro de 2025

​Toda a Luz Que Não Podemos Ver

Leituras e lembranças:

Toda a Luz que não Podemos Ver (All the Light We Cannot See) é um romance de ficção histórica do autor americano Anthony Doerr, que ganhou o Prêmio Pulitzer de Ficção em 2015. A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial e entrelaça as vidas de dois jovens de lados opostos do conflito. Segue duas linhas narrativas principais que se desenvolvem em paralelo até se encontrarem em Saint-Malo, na França, durante o bombardeio final da cidade em agosto de 1944.

​Marie-Laure LeBlanc: Uma menina francesa cega que, após a ocupação de Paris pelos nazistas, foge com seu pai para a cidade litorânea de Saint-Malo. Seu pai, o chaveiro-chefe do Museu de História Natural, leva consigo uma réplica do Mar de Chamas, um diamante lendário que, segundo consta, concede a imortalidade ao seu dono, mas traz infortúnio a todos que o cercam. Na casa de seu tio-avô, Marie-Laure se conecta ao mundo pelos livros de seu tio e de um rádio, através do qual ouve transmissões da resistência.

​Werner Pfennig: Um órfão alemão com um talento extraordinário para consertar rádios. Esse talento o leva a ser recrutado para uma academia de elite da juventude nazista e, posteriormente, para uma unidade militar que rastreia transmissões de rádio ilegais, como as da resistência francesa. Ele é enviado a Saint-Malo, onde sua trajetória se cruza com a de Marie-Laure.

​A história é contada de forma não linear, alternando entre diferentes períodos e perspectivas, construindo a tensão e a expectativa até o momento em que os caminhos dos protagonistas finalmente se cruzam. Foi amplamente elogiada por sua prosa lírica e poética, que contrasta com a brutalidade da guerra. Anthony Doerr usa uma linguagem sensorial rica, especialmente para descrever o mundo de Marie-Laure, permitindo que o leitor sinta, ouça e perceba o ambiente como ela.

Eis  alguns dos temas mais importantes explorados no romance: A Luz e a Escuridão (literal e metafórica): O título, "Toda a Luz Que Não Podemos Ver", é uma metáfora central. Marie-Laure não pode ver a luz física, mas percebe a luz interior e a beleza do mundo de outras formas. A luz também simboliza a verdade, a esperança e a bondade, que persistem mesmo na escuridão da guerra. Do outro lado, Werner busca a "luz" do conhecimento através de seu rádio e, ironicamente, é usado para extinguir a luz de outros.

​A Natureza Humana e a Moralidade: Suas jornadas são uma reflexão sobre as escolhas que fazemos e as consequências de nossas ações. ​O Poder do Conhecimento e da Conexão: Seja científico (os estudos de Werner sobre rádio) ou histórico (o museu do pai de Marie-Laure), é retratado como algo que pode libertar ou escravizar. A Fragilidade e a Força da Vida: Lembra da precariedade da vida durante a guerra, mas também da resiliência extraordinária dos indivíduos. Marie-Laure, apesar de sua cegueira, não é impotente; sua capacidade de navegação e percepção a tornam incrivelmente forte.

​Toda a Luz Que Não Podemos Ver não é apenas mais uma história sobre a Segunda Guerra Mundial, mas uma meditação profunda sobre a natureza humana, a beleza que pode ser encontrada em meio ao caos e a maneira como as vidas, por mais distantes que pareçam, estão interligadas. É uma leitura comovente e instigante que explora o que, muitas vezes, ainda resta de forças para resistir e da própria esperança… (Pesquisa com a IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Áudio e vídeo em https://youtu.be/dvyg3FmbvQg. A série está à disposição na Netflix)

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

A vida na estação da primavera

Artigo da semana:

O fim de agosto traz a sensação de que o inverno acabou. Cuidado, não é bem assim. A sonhada primavera só se apresenta oficialmente quase no final de setembro. Até lá, o consolo é que a temperatura fique amena, a gente dá uma folga para o guarda-roupa e admira brotos teimosos que começam a se espreguiçar. Os dias são maiores e quem madrugada já encontra os primeiros raios de sol no caminho para o trabalho. No fim do dia, volta para casa nos estertores da claridade.

Primaverar é o sonho que anima cada mortal em dia gelado. Quando a umidade congela os ossos e o assobio do vento minuano faz com que até o espírito se encolha. Os "valentes", adoradores do frio, somente o fazem porque se transformam em cebolas com uma imensidade de camadas de roupas. Descascam, conforme o Sol das temperaturas mais civilizadas faz seu chamado por um toque de pele. Naqueles dias em que a melhor receita ainda é lagartear e comer bergamota.

Ao longo da vida, aprende-se que, em cada etapa, vivenciam-se experiências diferentes. A infância pede espaços amplos e seguros onde o ar fresco e o sol fazem a dobradinha perfeita para ainda ser feliz com muito pouco. A juventude clama por atividades em conjunto, de preferência em liberdade, no anseio do tempo que se deseja aprisionar e, ao não poder mantê-lo para sempre, ao menos o desejo ardoroso de que se transforme em doces lembranças. 

Ser adulto é o tempo da responsabilidade compartilhada. Estamos convencidos de que somos cuidadores dos parceiros, filhos, pais, irmãos, amigos. As necessidades próprias não são percebidas, mas sim a daqueles que nos circundam. Inclusive com o direito deles ao sol. Por fim, quando se envelhece, com olhos fechados, possivelmente uma manta por sobre as pernas, e o desejo de que todos os que nos acompanharam ainda estivessem no mesmo banco, ao nosso lado. 

A vida primavera em cada novo dia em que se abre os olhos. Definir a estação pela qual o espírito está passando é o que motiva a novamente sair da cama, abrir as janelas e compartilhar a luz do Astro Rei. Presentes ou não, as pessoas continuam dando sentido à existência de cada um. Armazenadas nas saudades - ou, quem sabe, esperando por um telefonema - vivencia-se o sentimento de que as mudanças de estação agitam as águas às vezes não tão plácidas da solidão… 

(Geração de imagens e revisão da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/W9mZgWsZcvo)


domingo, 31 de agosto de 2025

Uma moldura para o cair da tarde

Simplesmente assim:

Desenho teu rosto nas nuvens.

Uso as cores da paleta da imaginação,

Para definir contornos,

Experimentar traços,

Buscar a profundidade do olhar

E o mistério dos teus lábios.

A felicidade é simples, completa em

Deixar que os sonhos pontilhem a brisa,

Transfigurando imagens,

Com um toque de pura emoção.

 

Sem a preocupação com o tempo,

Semicerro os olhos,

Deixando que a dolência realize

O sonho de uma tarde de primavera.

Sol, céu infinitamente azul,

Dormência dos sentidos.

A moldura perfeita para o cair da tarde.

A doce paz, o encantamento

Em que o desenho da finitude

Tem o gosto do tempo em que se sorve

Uma ampulheta de infinitudes!


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/sqFVa9OwLgI)