sexta-feira, 5 de setembro de 2025

A vida na estação da primavera

Artigo da semana:

O fim de agosto traz a sensação de que o inverno acabou. Cuidado, não é bem assim. A sonhada primavera só se apresenta oficialmente quase no final de setembro. Até lá, o consolo é que a temperatura fique amena, a gente dá uma folga para o guarda-roupa e admira brotos teimosos que começam a se espreguiçar. Os dias são maiores e quem madrugada já encontra os primeiros raios de sol no caminho para o trabalho. No fim do dia, volta para casa nos estertores da claridade.

Primaverar é o sonho que anima cada mortal em dia gelado. Quando a umidade congela os ossos e o assobio do vento minuano faz com que até o espírito se encolha. Os "valentes", adoradores do frio, somente o fazem porque se transformam em cebolas com uma imensidade de camadas de roupas. Descascam, conforme o Sol das temperaturas mais civilizadas faz seu chamado por um toque de pele. Naqueles dias em que a melhor receita ainda é lagartear e comer bergamota.

Ao longo da vida, aprende-se que, em cada etapa, vivenciam-se experiências diferentes. A infância pede espaços amplos e seguros onde o ar fresco e o sol fazem a dobradinha perfeita para ainda ser feliz com muito pouco. A juventude clama por atividades em conjunto, de preferência em liberdade, no anseio do tempo que se deseja aprisionar e, ao não poder mantê-lo para sempre, ao menos o desejo ardoroso de que se transforme em doces lembranças. 

Ser adulto é o tempo da responsabilidade compartilhada. Estamos convencidos de que somos cuidadores dos parceiros, filhos, pais, irmãos, amigos. As necessidades próprias não são percebidas, mas sim a daqueles que nos circundam. Inclusive com o direito deles ao sol. Por fim, quando se envelhece, com olhos fechados, possivelmente uma manta por sobre as pernas, e o desejo de que todos os que nos acompanharam ainda estivessem no mesmo banco, ao nosso lado. 

A vida primavera em cada novo dia em que se abre os olhos. Definir a estação pela qual o espírito está passando é o que motiva a novamente sair da cama, abrir as janelas e compartilhar a luz do Astro Rei. Presentes ou não, as pessoas continuam dando sentido à existência de cada um. Armazenadas nas saudades - ou, quem sabe, esperando por um telefonema - vivencia-se o sentimento de que as mudanças de estação agitam as águas às vezes não tão plácidas da solidão… 

(Geração de imagens e revisão da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/W9mZgWsZcvo)


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