sábado, 20 de setembro de 2025

O Livreiro de Cabul

Leituras e Lembranças:

O Livreiro de Cabul é um trabalho de jornalismo narrativo que a norueguesa Åsne Seierstad escreveu em 2002. Após a queda do regime Talibã no Afeganistão, a autora viveu por vários meses com uma família afegã em Cabul. O patriarca da família é Sultan Khan, um livreiro que teve a coragem de continuar a vender livros durante o Talibã, desafiando a censura. Apresenta o cotidiano e a vida dessa família, focando nas mulheres e nos seus dilemas. 

A narrativa detalha a vida sob um ponto de vista muito pessoal e íntimo, o que ajuda o leitor a entender as tradições e costumes de uma sociedade regida por leis islâmicas e por um forte patriarcado. A autora mostra os conflitos entre gerações, a submissão das mulheres, os casamentos arranjados e a luta pela educação e pela liberdade em um país devastado pela guerra. O livro não segue uma estrutura linear, mas episódios e observações do dia a dia: o ambiente, pessoas e conversas, o que cria um retrato vívido e realista da vida em Cabul.

O Livreiro de Cabul é obra poderosa e polêmica que provocou debates ao ser publicada. A virtude do livro é humanizar o Afeganistão, um país que ocidentais só conhecem por meio de reportagens sobre guerra e terrorismo. Convida a entrar na casa de uma família afegã e a observar a vida de perto. Faz ver as lutas, os sonhos e as frustrações das mulheres da casa. Revela a complexa e muitas vezes opressiva realidade do patriarcado. O título, "O Livreiro de Cabul", foca no patriarca, mas o coração do livro são as vozes e histórias das mulheres.

A obra recebeu críticas. A mais importante veio do próprio Sultan Khan e família, ao alegar que Seierstad os retratou de forma injusta e que o livro continha imprecisões. Foi acusada de quebrar a confiança e invadir sua privacidade. Khan publicou um livro em resposta, Eu sou o livreiro de Cabul, para dar sua versão dos fatos. A polêmica levanta questões importantes sobre ética no jornalismo e a responsabilidade de quem escreve sobre a vida de outras pessoas, especialmente quando se trata de culturas diferentes.

Apesar das discussões, O Livreiro de Cabul é leitura importante para quem quer entender melhor a sociedade afegã. O livro é um exemplo de como o jornalismo pode nos dar uma visão muito mais profunda do que as notícias diárias, mostrando a vida cotidiana e as complexidades de uma cultura que nos parecem tão distantes. A obra desafia a olhar além das manchetes e ver a vida de pessoas reais que, como nós, têm suas lutas e seus muitos sonhos…

(Pesquisa e imagens com o apoio da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/IMH6-JDm610)

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