Num deles, chamou a atenção a cachorrinha mãe enfrentando situação de risco com seus filhotes e o único jeito de salvá-los foi pegando cada um pelo pescoço, subir uma rampa que não conseguiriam fazer sozinhos, e colocando-os em lugar seguro. Seis filhotinhos encolhiam-se num canto, enquanto um incêndio grassava e ia devorando a própria casa. Entre eles, um com defeito numa perna que mancava ao andar. Foi o primeiro a ser retirado. A cada volta para buscar mais um, cada vez mais fraca, aumentava o risco de desabamento e poderia perder a própria vida.
Sou um chorão inveterado e, ao ver todos salvos, brincando em torno da mãe, deitada no chão, cansada, mas realizada, era a parábola de quem, de alguma forma, preocupa-se com o outro. Quer resgatá-los dos processos em que são anulados, marginalizados por alguns que, por miopia social, cerceiam os horizontes da vida alheia. Famílias e educadores se envolvem em discussões da macropolítica e esquecem da necessidade do resgate pessoal de cada vítimas, não somente em tempos de pandemia, mas do histórico de abandono nos processos de inserção cidadã…
Sei que é exceção, mas nos últimos dias ouviram-se relatos de maus tratos com crianças e, até, o desaparecimento de um menino na faixa dos 7 anos, possivelmente morto pela mãe. Nos casos recentes, ao que tudo indica, as mães, queriam novos relacionamentos amorosos e passaram a considerar as crianças como um estorvo. Para “controlar”, usavam de medicações para dormir, além de uma forte pressão psicológica, fazendo-as se considerar “ruim, ladrão, malvado, um filho horrível...” Imagine uma criança tendo que escrever este tipo de coisa ao seu próprio respeito!
Muitas famílias têm crianças nesta faixa de idade. Estão descobrindo o mundo e são “espoletas”, precisando que os pais encontrem formas para gastar sua energia. São carinhosos, parceiros, disponíveis para fazerem “programas de índio” em família. Depois, chega a adolescência e querem seguir os próprios caminhos, com seus próprios programas. Nesta fase, muitas mães, especialmente, consideram seus meninos como “companheirinhos”. Pensar num deles dopado e morto pela mãe é doença perigosa de quem gerou sem responsabilidade e não assume o fato de que precisa cuidar.
Tempos difíceis para se ter filhos e cuidar deles. Desafios que nós, que não os geramos, apenas intuímos. Quem os concebeu sabe dos altos e baixos que existem em todas as relações, em especial naquelas em que há a responsabilidade de educar. Deus tem um jeito estranho de apresentar os pais para um filho e um filho para os pais: o filho procura asas nos Anjos que seus pais serão por toda a vida... e o “pouquinho” de gente que se forma é um anjinho que ainda precisa criar asas. Já anuncia que vai lhes tirar o sono, mas também fazer com que suas vidas, de fato, passem a valer a pena!
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