domingo, 24 de janeiro de 2021

Fé e religião, os desafios para seguir a vida...

Mais de 50 anos se passaram desde que – no dia 20 de julho de 1969 – se ouviu pelo rádio a narração da primeira vez em que o homem pisava na lua. Os astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins contaram, depois, que devido ao número de protocolos que deviam seguir para segurança, sequer tiveram tempo de pensar em contemplar, de fato, o que faziam e onde estavam. Ficaram as cenas, como o primeiro pé que marcou a conquista do espaço pelos americanos e a frase: “um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade”.

Do outro lado do oceano Atlântico, o príncipe Philip, esposo da rainha Elizabeth, em crise nos seus quase 50 anos, assistia extasiado pensando que o feito americano sim dava sentido a uma vida e aos desafios de envelhecer… quando os astronautas retornaram, fizeram visitas pelo Mundo. Numa delas, tiveram um encontro privado com Philip que elencara uma série de questões existenciais, enquanto os jovens homens do espaço entendiam, realmente, era da técnica, seguir regras e curiosos, queriam conhecer o sistema palaciano, com seus amplos espaços e clima de “museu”.

Quem conta é a série The Crown (a Coroa – da Netflix). Acompanha a família real e atividades palacianas, especialmente, o esposo, príncipe Philip. Na ocasião, considerando o capelão ultrapassado, resolvem encontrar um novo, mais adequado... quando surge o diácono Robin Woods, que passa a morar no complexo do castelo e solicita ao príncipe a cedência de um espaço para uma casa em que reverendos possam enfrentar, especialmente, suas crises de fé e filosóficas. Resultou na St. George House, dentro do complexo de Windsor, hoje com mais de 50 anos.

Phillip, num primeiro encontro, está amargurado com a sua situação e cede para se livrar do diácono. Mas é “cassado” para participar de uma reunião, quando faz um desabafo cheio de contrariedades, sendo amargo com o que os reverendos iam fazer ali, porque homens de verdade não se deixam levar por discussões de fé e filosóficas, mas devem ser de ação… assim como os astronautas. Depois que os viajantes do espaço vão embora, a vida volta ao normal e reconhece que não alcançou as respostas que procurava e precisa de ajuda dos mesmos homens que desprezou…

Uma discussão era, então, a pouca presença, especialmente de jovens, em seus cultos. Que se acentuou e se tornou problema em tempos de pandemia. Recentemente, um professor pediu indicações do que ler para aconselhar jovens sobre fé e religião. Em síntese, repeti que a fé é inerente ao ser humano e a religião a prática de um grupo que defende um mesmo ideário. Mas que homens e mulheres de religião estão devendo uma participação e presença mais ativas em sociedade, muito mais por testemunho efetivo (e afetivo), do que por discursos doutrinários...

Fé e religião, são desafios para seguir a vida… Phillip e Woods ficaram amigos e os fatos não se deram exatamente na sequência cronológica da série (são liberdades de ficção…). Mas lembra que somos seres que precisam de ajuda para vivenciar socialmente a fé. Num templo, terreira ou sessão de mesa, se identificar no lugar do encontro. Thomas Merton dizia que “homem algum é uma ilha”: a fé se resolve no encontro com Deus, mas a religião liberta do isolamento e dá sentido para o existir - no outro - com virtudes e defeitos, onde se dá a revelação do próprio Sagrado!

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