Sábado, no final da manhã: sai de casa para buscar comida e deixar flores de Camélia para a Roberta e a Renata, que estavam atendendo no salão de beleza; além da Nice (minha mana), arrumando os cabelos. Já sabia que o "feiticeiro da beleza" não estava lá, porque passou ruim, com dor de dente, esteve numa Unidade de Pronto Atendimento e teve que ser hospitalizado. Levava galhos de louro para o Paulo Sérgio e já reparti pelo caminho. A conversa me distraiu e esqueci de dizer o que havia dito quando apareceram as primeiras flores, entreguei quatro: uma para cada um deles, inclusive o Emerson...
Na terça-feira (21 de julho), a notícia, dada pela outra Nice, a vizinha: o Emerson havia falecido. Nas duas quadras percorridas para fazer compras, o assunto e o sentimento eram sempre os mesmos: perplexidade, tristeza, uma saudade sentida e ressentida porque uma vida em toda a sua plenitude curvou-se diante da morte... Percorri meus baus de lembranças: cerca de cinco anos atrás, sua instalação numa casa vizinha, minha irmã e sobrinha vindo até a "tenda dos milagres" e contando, carinhosamente, o quanto era bom ser atendida por um profissional e pessoa que se mostrava amiga.
Depois que cunhei a expressão "tenda dos milagres", num finalzinho de tarde o encontrei em frente ao portão e me chamou de "seu Manoel". Brincou que já sabia da história. Foram tantas conversas no seu local de trabalho antigo e no novo que deixei de pensar em pedir que não me chamasse de "seu Manoel". Achava que sendo este nome do meu pai, não o merecia... Porém, a história vira páginas: seguidamente, digo para vizinhos mais novos que o pai haveria de ser um bom companheiro de papo, inclusive para um cabeleireiro
que veio se instalar na sua própria casa...
No seu aniversário, foi a última vez que pudemos conversar. Uma tarde de chuva, fria, já demonstrava aquilo que acreditava ser um problema com seus dentes. Mais alguns dias, ainda conseguia ouvi-lo em conversas com clientes. Em alguns momentos, eu tinha que rir, porque ambos levantavam o volume por causa do secador e, quando já estava desligado, o tom continuava alto como se não se dessem conta de que só restara o silêncio... e as suas vozes. Em nenhum momento, era uma voz desagradável ou agressiva, ao contrário...
Embalando sonhos, concluía curso na área da saúde. Já olhava o mercado potencial, na Serra, onde minha sobrinha Daniele se dispôs a encaminhar currículos... No entanto, os sonhos também acabam e o que restou do Emerson foram as memórias de uma pessoa que tinha tudo para ser deslumbrada, mas ouvia com atenção, atendia da mais simples à mais chata, reconhecido como "parceiro", no local de trabalho. Na Vila Silveira e entre quem teve o privilégio de conviver com ele, deixou um sentimento de tristeza... sua partida tornou-se um sopro de carinho e de muita saudade... A gente tá triste pela tua partida, Emerson, mas tá feliz, porque tivemos o privilégio de um dia conviver contigo.
3 comentários:
Tão triste! Que Deus cuide dele com todo amor.🙏🏻
que tristeza MEU Deus
O Emerson pessoa com uma luz maravilhosa sempre me atendeu com muito carinho
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