A virada do ano, com a mudança dos governos em nível de País ou de Estado criaram muitas expectativas, mas não chegaram a empolgar os brasileiros. Os ânimos acirrados dos tempos de campanha se reduziram àqueles que se aninharam numa ou noutra candidatura e, depois de empossadas as novas autoridades, há um tempo para que possa, na prática, dizer a que veio.
O primeiro reconhecimento é de que a máquina pública tornou-se obsoleta e não atende às principais demandas da população. Enquanto se paga impostos de primeiro mundo se têm serviços em áreas como a educação, saúde e segurança de terceiro, quarto, quinto... O que chama mais a atenção, no momento, é o da segurança.
A mudança do comando político alvoroçou as lideranças criminosas, especialmente de dentro dos presídios. O Ceará - e seus mais de dez dias de atentados - é a ponta de um estopim aceso num confronto que promete se generalizar. Autoridades despreparadas e afoitas em dizer a que vieram apregoaram aos quatro ventos suas estratégias. A pressa em mostrar serviço, anunciando medidas ainda em gestação tem o efeito contrário: prevenir e açodar o adversário. Cutucaram a onça com vara curta...
As políticas empregadas até então se mostraram ineficazes. Apresentar números de melhoria é deboche. A população vê e ouve os números mas, na prática, na rua, percebe que continua sendo quem paga por uma máquina ineficaz, assim como sofre por ser aquela que, não tendo um serviço público, precisa se valer de uma atividade privada se quiser manter a própria segurança ou a de seu patrimônio.
As jogadas de marketing encontram uma população indiferente e, quando são efetivadas, enfrentam uma estrutura subterrânea perigosa, diante de forças policiais despreparadas. Os rompantes dos discursos provocam reações violentas que poderiam ser previstas por serviços de inteligência e abortadas. Infelizmente, os números são insuficientes se as autoridades não conseguem criar uma sensação de que há normalidade nas ruas e até mesmo idosos possam circular com seus pertences.
A violência se repete. Recentemente, uma pessoa mais velha disse: "durante muito tempo vi isto se passando com os outros e pensei que nunca aconteceria comigo. Agora, sei que mais cedo ou mais tarde isto vai se dar com meus filhos, meus netos, ou, pior ainda, vai se repetir..." O ano recém está iniciando mas, do pouco que se espera dos governos é que faça o básico. Não há desenvolvimento de um país que não passe por segurança pública... Mas também por educação, saúde, transporte...
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