Voltei a ser noveleiro. Nem lembro a última novela que havia assistido. Quando começaram as chamadas para o Sétimo Guardião a minha curiosidade foi despertada. Ouvindo seu autor, Aguinaldo Silva, dava para perceber que era bem mais do que um folhetim das 9 horas. Seu enredo teria ação, intriga, humor e uma pitada de mistério...
Tive que reaprender o ritmo dos capítulos, porque, no início, ficava irritado pois parecia que as coisas não se desenrolavam. Mas, tomou jeito de uma história que tem lances pitorescos, divertida e para o entretenimento, que traz consigo, como uma boa parábola, a intenção de discutir uma das nossas maiores riquezas: a água.
Serro Azul tem o núcleo tupiniquim que recebe os almofadinhas de São Paulo. Os da terrinha querem o progresso com a internet e retransmissora de televisão... os aventureiros querem uma fonte de água poderosa, que pode revolucionar o mercado dos cosméticos, tornando milionários quem nela colocar as mãos.
Há diferença na apresentação do enredo. "Bons" e "maus" tem vantagens, mas não é um folhetim em que os bons apanham durante tanto tempo que perde a graça torcer por eles. O bem somente triunfaria nos últimos capítulos. Neste caso, os bons são bons sem serem ingênuos e os maus tem reveses ao longo dos capítulos.
Os guardiães protegem a fonte. O gato - Leon - é um ser mistura de animal com homem, já foi guardião e, por ter tido uma filha, foi amaldiçoado. Em raros momentos, volta à sua forma original. Pode ser em definitivo se Gabriel - o sétimo guardião - aceitar esta condição. Mas, que depende da mocinha - Luz da Lua - pois para aceitar precisa encontrar razão na seita secreta e abrir mão do seu amor...
Complicado... Para um antigo noveleiro é uma sensação agradável reencontrar com uma das poucas produções nacionais que podem ser chamadas de populares pois, diferente de outras - como a música que se chama popular - chega a todas as classes sociais. Ouvem-se comentários dos primeiros capítulos pelas redes sociais, nos bancos de ônibus, nas filas de supermercados...
Numa época em que nem todo o guardião é santo miniaturiza um pouco do Brasil em solo de Serro Azul. As boas intenções dificilmente são claras e a potencialidade daqueles que se envolvem nem sempre é suficiente para evitar que a ganância fale mais alto e se dê para poucos aquilo que a Natureza alcançou para todos. Em tempos de novas administrações públicas é ver se todo o discurso de bom moço não tem segundas intenções... na calada da noite, quando todos os gatos acabam sendo pardos!
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