Envelhecer leva a ter mais paciência com os jovens... e com os mais velhos! Seguidamente, saudosistas elencam o que era bom no passado. O sinal mais evidente é acharem as músicas da sua mocidade as melhores. Juventude é, também, um estado de espírito e, sem contrariar o físico, presentificam-se velhos e bons tempos.
Tomar consciência que, exatamente por se viver hoje, com os avanços tecnológicos, é que se recupera material - musicais, por exemplo - das diferentes décadas. É, então, que apresento a sugestão para quem já se aposentou e busca ocupação: kit básico - um bom par de tênis e um tablet.
Não sei se esta é a receita ideal. É a minha receita. Leva em consideração que um dos maiores pecados da atualidade é o sedentarismo e, caminhando (o par de tênis) pratica-se exercícios e, ao mesmo tempo, faz-se uma higiene mental ao sair para a rua, em busca de ar e interação.
Hoje diminuiu a vida em família - embora se mantenha muitos parentes. Então, aprende-se que ficar sozinho não é, obrigatoriamente, sinônimo de solidão. O convívio não se dá da mesma forma. A interação é planejada pelas redes. O tablet mantém viva relações sociais e recolhe músicas, filmes, livros...
Claro, nas conversas tem sempre aquele que diz preferir o cheiro e a textura das páginas do livro impresso para um poema, uma crônica, uma boa história. Para estes lembro que ao Gutemberg inventar os tipos móveis saudosistas torceram o nariz porque ainda preferiam fazer suas leituras em pergaminho e papiro...
O importante quando se busca instrumentos que levem as pessoas a circularem pelas ruas, sindicatos, associações, igrejas, é que tenham consciência de que novos tempos geram novas formas de convivência. Um conhecido dizia: "não tenho medo de ficar sozinho, o que me assusta é a possibilidade de ser abandonado".
Não são somente as famílias que estão diminuindo. As relações também estão se diferenciando e, em muitos casos, aqueles que saem das casas dos pais não querem casar ou manter uma relação estável. Há uma reengenharia da convivência e, especialmente, do jeito como as pessoas estão encarando a si mesmas.
Envelhecer não precisa ser a certeza de dependência. Sem procurar culpados, é preferível ser feliz sozinho do que amargurar que toda a experiência de uma vida não ficou como bênção. Na "inutilidade" encontrar um porto seguro que, silenciosamente, alcance a mão e o coração para dar dignidade ao entardecer de nossos dias.
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