Quando se fala em educação, uma das imagens apresentadas diz que as crianças chegam faltando um instrumento: o manual técnico de montagem e uso. Seguindo o mesmo raciocínio, um palestrante brincava não ser este o problema, já que, como na vida real, dificilmente lemos os manuais antes de manusear um eletrônico e somente recorremos a ele quando temos problemas, muitas vezes causados por mau uso!
Lembrei da imagem ao participar de encontros com educadores. Num deles, a professora falava de atitudes das crianças sendo algumas toleradas e até incentivadas quando pequenas, mas recebiam a repressão dos pais depois de uma certa idade. Caso típico das danças eróticas em moda.
Uma avó contou o caso do neto que aprontava todas quando tinha "plateia" e, ficando apenas com os pais, mantinha-se calmo. Em ambos, parece-me que a preocupação da criança não é dar show, mas pedir a atenção. Em tempos difíceis de ter em torno pais, avós, tios... envolvidos, a criança apenas repete aquilo que chama para si a atenção do adulto - sem distinção de certo ou errado.
No encontro de escritores com professores na Academia Pelotense de Letras novamente foi apresentada questão semelhante, por outro ângulo: crianças tranquilas para brincar, desenhar, representar - enfim - serem crianças, ao chegar à pré-adolescência ficam inibidas de tudo que chame a atenção sobre elas.
Encontraram na produção de textos motivação para todas as idades. A literatura é um instrumento do qual a pedagogia pode - e deve - se valer. A criação de histórias - textos e ilustrações - sua leitura e representação, incendeia a imaginação de crianças e jovens, nas páginas do papel ou telas de computadores.
Os aspectos lúdicos, culturais e esportivos também ajudam professores na compreensão dos conteúdos diários. Tanto para homens e mulheres que escrevem - quanto para as demais áreas - é importante a humildade diante do conhecimento. Não "transmitimos ensinamentos", propiciamos instrumentos para que a criança e o jovem façam o seu próprio processo de descobertas e aprendizado.
Uma criança é um ser chegando ao mundo com o olhar encantado com o que vê, ouve, sente. O adulto perdeu este encantamento. Os professores que fazem esta nova cruzada - da mesma forma que Rubem Alves - têm razão: "sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido". Porque "são as crianças, que, sem falar, nos ensinam as razões para viver". Simples assim. O problema continuam sendo os manuais...
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