A Prefeitura de Porto Alegre lançou campanha que vai repercutir em todo o Estado: o direito da pessoa ter preferência, quando passa a faixa de pedestre. Estendendo o braço, automaticamente, o fluxo de automóveis deveria cessar. Na grande Porto Alegre, uma professora está entre a cruz e os elogios por ter obrigado um aluno a reformar parede recentemente pintada por pais, professores e alunos e que o mesmo pichou.
Em princípio, parece que uma coisa não tem a ver com a outra. Mas não é verdade. Em ambas as questões estão envolvidos princípios, que não são aprendidos nas ruas, mas ali amadurecem, na relação entre as pessoas. Os carros que não param para o pedestre levam motoristas incapazes de um ato de gentileza e respeito à legislação, apostam no poderio da máquina. O garoto que desrespeita um bem público não tem noção de que ali está algo que é de todos, seu também, e que por isto merece ser cuidado e preservado.
É assustador como as pessoas passaram a viver aterrorizadas com o trânsito, porque não sabem o que lhes pode acontecer num simples cruzamento onde há uma faixa de pedestre, ou até onde há uma sinaleira já no amarelo, indo para o vermelho. A imprudência é tanta que, em muitos casos, carros e motos até param, mas em cima da própria faixa.
O garoto não aprendeu que a própria liberdade vai até onde inicia a do outro. Fala-se no fato de que foi “constrangedor”. Não me parece. Está mais para o caso de um menino que não tem noção de limites, porque não aprendeu isto desde mais cedo, especialmente através da família. E isto não acontecendo, mesmo com conselhos, mais tarde, tudo vai ficar mais difícil.
Precisamos aprender uma lição básica: a humanização, humanizar o contato com as pessoas. Esquecer o que temos como extensão para nossas atividades: o carro, o computador, as máquinas, os prédios. Aprender juntos que a primeira realidade à nossa frente não é a de um adversário, mas de alguém que convive conosco. Havendo respeito pelo ser humano, atos gentis serão naturais e não exceções que olhamos com tanta admiração. Podem se tornar hábitos de vida, que nos darão prazer e realização.
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