Na semana passada, a mídia destacou o menino Oscar, considerado uma inteligência excepcional, com quociente de inteligência (qi) ao nível do cientista Albert Einstein. As matérias destacam que os pais têm inteligência mediana, mas incentivaram o filho, ainda mais quando ele manifestou, desde cedo, interesse por temas que, em tese, não são próprios da idade. Ele foi entrevistado mostrando ser uma criança bonita e alegre, mas com uma declaração preocupante: “quero amigos, quero outras crianças com quem possa falar”. Contrastando com o pai: “ele é um menino especial, quando ele tiver aproveitado ao máximo a sua inteligência é que vai ser feliz”.
Lembrei uma conversa que tive com a professora Flávia, quando discutimos a respeito de quando é necessário estimular a criança intelectualmente, ou incrementar seu convívio social. Lembrava-me que hoje as crianças são de apartamentos e, na maior parte das vezes, não tem chance de ter um familiar acompanhando, especialmente dos avós, quando os pais têm atividades de trabalho ou mesmo sociais. De meu lado, lembrava o convívio natural de muitas crianças do meu meio sempre interagindo e exigindo a participação de praticamente toda a família, em diferentes momentos. Mas que, hoje, não é assim, pois as crianças acabam indo para as escolinhas com dois, três anos, e obtêm bons resultados já que aumentam o processo de socialização, com reflexos nos seu aprendizado e até na sociabilidade.
Porque a preocupação com o menino Oscar? Fiquei com a nítida impressão de que o fato de ser por demais inteligente transformou-o numa espécie de troféu para os pais. E a felicidade somente vai ser alcançada quando ele atingir o seu auge intelectual. Não é assim. A felicidade deve nos acompanhar ao longo de toda a vida, em todos os momentos. Não é um troféu, é a realização de grandes conquistas, mas também de viver bem e intensamente pequenos momentos. E a frase do pequeno Oscar é emblemática: “quero amigos, quero outras crianças com quem possa falar”. Está certo, pois quer viver estimulando sua inteligência, mas também brincando, convivendo, sendo o que efetivamente é: um menino, com o direito de viver a própria vida.
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