Conheço o padre Alberto desde o tempo em que ele era o “irmão Alberto”, atuando no Colégio Gonzaga, na esquina com a Catedral de São Francisco de Paula, em Pelotas, onde atendia crianças da catequese. Mas sempre sobrava um tempinho para atravessar a rua e chegar ao Secretariado de Pastoral, onde mantivemos boas e agradáveis conversas. Depois, cada um seguiu sua vida e fiquei contente quando soube que ele alcançara um sonho: ser ordenado sacerdote. Um padre com discurso claro, forte, sempre incentivando as pessoas a buscarem uma espiritualidade forte, além de uma formação adequada, em especial, no caso, a fundamentação nos documentos da Igreja Católica.
Reencontrei-o nas oportunidades em que fui convidado para palestrar no Cenáculo (um retiro espiritual Mariano), onde foi, até recentemente, orientador espiritual. Continua a sê-lo, mas, agora, com idade avançada, precisa de outro sacerdote que o auxilie, pois a bengala já é um suporte, a energia já demanda maior atenção e a voz e a leitura precisam de cuidados. Num domingo frio pela manhã, encontrei-o lendo um dos documentos do Vaticano, antes de uma palestra. Tirava o sono dos eleitos. Tranqüilo, sereno, passando exatamente aquilo que fez durante toda a vida: a certeza de uma vida bem vivida, na santidade de quem entendeu no homem sua capacidade de superar barreiras, a cada momento, com a fé que se realiza no dia-a-dia.
Fiquei olhando para aquela figura e lembrando as diversas ocasiões em que teve que se afastar de suas atividades para tratamentos, especialmente na luta contra o câncer. Uma luta silenciosa, sem cobertura da imprensa, mas com a oração e o carinho de amigos granjeados ao longo de uma vida de testemunho. Claro que a lembrança me veio a partir do exemplo do vice-presidente José Alencar, que está permanentemente entrando e saindo de hospitais lutando pela vida. Em que os casos são parecidos¿ em ambos há o sentido de lutar pela vida que transcende apenas a duração da existência. Passa pela luta da dignidade própria e dos outros e de valores religiosos e espirituais impregnando a própria existência.
Tenho no padre Alberto um homem de Deus. Sei que foram muitas as lutas para chegar à idade que chegou com a lucidez de enfrentar os problemas próprios e dos outros sempre com a serenidade dos homens especiais. E homens especiais são aqueles que nos marcam pela capacidade de compreensão, pelo testemunho e pela fé que vivem e transpiram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário