Pode parecer pretensioso que entidades e igrejas de Pelotas direcionem esforços para a realização de um “Fórum de Cultura da Paz”, mas, ao invés de discursos, o que ouvi dos professores Veiga, Marco Antônio e Alessandra foram testemunhos de pessoas que lutam para que ações construam a diferença no dia-a-dia da família, da escola e da religião. Confesso que depois de tantas palestras, mediação em debates ou assistir, fui com o intuito de motivar, mas sem esperar nada de novo. Com um “ritmo quase parando”, o Veiga falou dos acertos e dos erros em família e cada uma de suas palavras calou fundo, passando pela experiência de consumo de droga de pessoas mais próximas e a certeza de que as vitórias são construídas no dia a dia. Com fé e muito carinho.
O professor Marco Antônio mostrou a experiência de sua escola em buscar a inserção em cada disciplina, assim como atividades ao ar livre, de uma cultura de paz. O início pelo próprio colégio e hoje quando outras instituições educacionais somam-se à sua experiência. E o toque final ao contar a experiências de familiares e de alunos, necessitando da família, dos amigos e de apoio na fé.
Quando pensei que mais nada tão comovente poderia ser dito, a professora Alessandra, de estrutura física reduzida, mas de espírito forte e batalhador, contou a experiência passada na Escola Lima e Silva, num dos bairros mais pobres de Pelotas, a Guabiroba. A motivação para as artes, os esportes, o incentivo à cidadania, como elementos fundamentais para ensinar valores e referências e, até mesmo, buscar jovens que experimentaram a droga. Uma das mães presentes deu o seu testemunho com relação ao trabalho na Guabiroba, dizendo que seus filhos passaram pelo crack, mas a persistência da professora Alessandra, dos professores e alunos havia trazido de volta os dois rapazes. E a luta, todos os dias, para se “manterem limpos”.
Não fiquei para a segunda parte dos trabalhos. Não precisava. Já estava envolvido pelo Fórum e disposto a fazer todo o possível para que ações de paz sejam implantadas. Em comum, a luta que precisa, urgentemente, de atenção: contra o consumo de drogas. Ou, como evitar que nossas crianças e jovens fiquem expostas a elas. Em todos os casos, carinho, presença, nada de supostas “lições”. E a certeza de que há uma volta, realizada todos os dias, na esperança de que filhos, sobrinhos, irmãos, netos encontrem Veigas, Marco Antônios e Alessandras de braços abertos para a vida.
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