quarta-feira, 9 de abril de 2025

Porque a gente nunca fica sozinho…

 

Semeando 2025

Semeando é um trabalho da Pastoral da Juventude da diocese de Bagé. Foi lá que fiz uma das mais belas experiências em trabalhar com jovens e seus assessores. Nesta terra acolhedora encontrei muitos irmãos de fé e alguns “netos de coração”! 


Os corredores estão vazios.

Por onde transitavam jovens e adultos,

Apenas o silêncio da saudade se faz presente.

O vento que bate uma porta,

A coruja, o sapo e o grilo

Que silenciaram na noite em que os jovens

Brincaram pelo pátio até a madrugada e

Viram aprontar as malas,

Dar muitos abraços e partirem.…

 

Nos espaços transformados

Num grande aconchego, um imenso colo,

Ficou o sentimento da espera.

Toda a chegada já sinaliza uma partida.

Ainda mais quando vêm

Em busca da energia necessária

Para serem presença diferenciada

Na sociedade, na família e nos seus grupos.

 

Ainda vamos nos reencontrar…

Interagir pelas redes sociais é o alimento

Que sinaliza possibilidades.

Ali adiante, depois que vivenciarem

A realidade dos seus mundos,

Vão retornar para que se possa

Sorrir, aconchegar num carinho,

Dar uma palavra de estímulo.

A certeza de que a razão do reencontro 

É Aquele que dá sentido à existência:

O Amigo que transborda seu coração

Para dizer que, em momento algum,

Vai nos deixar sozinhos!

terça-feira, 8 de abril de 2025

Campanha da Fraternidade: Ecologia e mudanças climáticas

A Campanha da Fraternidade é desenvolvida, anualmente, pela igreja Católica. Nesta Quaresma, Aborda o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”. Com o lema “Deus viu que tudo era muito bom”. Realizada de forma ecumênica, tem o apoio de outros credos religiosos, com momentos marcantes entre a Quarta-feira de Cinzas e a Páscoa para promover a solidariedade e encontrar soluções para problemas sociais. Baseia-se na encíclica do papa Francisco, Laudato Si (Louvado Sejas), destacando o cuidado com a casa comum, em especial o desperdício.

A igreja Católica tratar do meio ambiente e justiça social não é novidade. Muitas ações são realizadas neste período pelas dioceses para conscientizar seus adeptos, assim como simpatizantes. Um momento marcante aconteceu com a 47⁠ª Romaria da Terra, em Arroio do Meio, no vale do Taquari, com o tema “Reconstruir e cuidar da Casa Comum com fé, esperança e solidariedade”. A região foi das mais afetadas pelos desastres climáticos de maio do ano passado, que deixou o bairro Navegantes completamente arruinado. Romeiros celebraram a fé percorrendo ruas destruídas, vendo os estragos nas casas e equipamentos comunitários.

Muitos dos pontos anunciados no texto base da Campanha da Fraternidade têm a ver com educação. Em especial, a educação social e comunitária. Citando: “a importância de cuidar da Casa Comum; iniciativas inspiradas na Ecologia Integral; a conversão pessoal, comunitária e social; interligação entre as crises ambientais e sociais; o conceito de justiça socioambiental; a busca por um caminho de fé, ação e esperança; formas menos produtivistas de organização do trabalho e do tempo do trabalho; desacelerar o modelo desenvolvimentista, rever o modelo de progresso e desenvolvimento.”

Depois de muitos alertas, hoje, começa a tomar forma uma consciência social sobre as mudanças climáticas, o que a igreja chama de “conversão ecológica”. A intensificação dos períodos chuvosos e dos períodos de seca, tornaram difícil não perceber que a ação do homem transtornou a “casa comum, a criação divina”, da qual deveria cuidar. O sentimento é de que não se pode deixar para os nossos filhos os problemas que herdamos de nossos pais. Rezando para que ainda seja tempo de fazer as muitas e dolorosas mudanças necessárias….


domingo, 6 de abril de 2025

Simplesmente assim: Esquecimentos

E se amanhã meus óculos não estiverem no lugar?

Pouco vejo sem eles.

Aliás, minha miopia já transbordou dos olhos

E disseminou-se por outras partes do corpo:

Minhas mãos não alcançam o carinho que desejei;

Meus braços não enlaçam quem amei;

Sinto falta do cheiro das pessoas e dos lugares onde vivi;

Meu andar não tem a alegria da partilha de um mesmo caminho...

 

O esquecimento do que utilizo não é importante.

Apenas reflexo do acúmulo de lembranças que deveriam

Ter sido arquivadas no lugar que se chama "saudade".

Onde os mais jovens custam a chegar

E os mais velhos têm medo de perdê-las.

A concha, na cozinha; a caneta, na mesa de trabalho,

A cadeira de balanço e o ringir da porta na varanda.

Perdidos para, em algum momento, serem reencontrados.

As memórias armazenadas na saudade

Têm o gosto das coisas inspiradas pelo coração.


sábado, 5 de abril de 2025

Não ponha um ponto onde Deus pôs uma vírgula

O livro "Não ponha um ponto onde Deus pôs uma vírgula", de Shiva Ryu, se enquadra no gênero de autoajuda e espiritualidade. Oferece histórias de sabedoria e inspiração, convidando o leitor a refletir sobre a vida, a beleza e a importância de abrir o coração para novas perspectivas. Comecei a ler obras desta vertente coreana a partir do ano passado. Já incluindo: “Quando as coisas não saem como você espera” e “Amor pelas coisas imperfeitas”.

Ensina que muitas vezes nos deparamos com situações que interpretamos como finais absolutos. No entanto, mostra que, com a perspectiva correta, pode-se transformar esses momentos em oportunidades de crescimento e aprendizado.

Convida a abrir o coração, aceitar as dificuldades e desfrutar a beleza da vida. Recomendado para quem busca inspiração e transformação pessoal em momentos de crise ou mudança. Ideal para enfrentar desafios emocionais, profissionais ou espirituais. A obra oferece uma perspectiva renovadora sobre a continuidade da vida e a superação de obstáculos, valiosa para aqueles interessados em desenvolvimento pessoal, espiritualidade e autoconhecimento, pois propõe reflexões profundas sobre o significado das dificuldades enfrentadas e como elas podem ser o impulso para novos recomeços.

Através de histórias inspiradoras, a possibilidade de ver como a vida é cheia de beleza e sabedoria e que basta uma mudança de perspectiva para que se encontre o caminho para a realização. (Pesquisa com a i.a. Gemini)


sexta-feira, 4 de abril de 2025

As nuvens que vão passando…

Não muda.

Pouco importa o que os outros te digam.

Almejas viver livre, ao menos em espírito.

Queres um lugar ao sol durante o dia

E onde contemplar a lua e as estrelas à noite.

Quando disserem que não atendes expectativas,

Entrega teu olhar com um sorriso zombeteiro

E te dá o direito de andar por uma rua qualquer,

Sem escolhas, sem rumo.


Enterra as mãos nos bolsos,

E quando ergueres os olhos,

Chutando uma pedra na calçada,

Sentirás o doce sabor de não fazer nada.

Quando implicarem contigo,

Dizendo que és um sonhador,

Vivendo no mundo da lua,

Não perde tempo tentando explicar.

Ser sonhador e viver livre é o privilégio dado

Àqueles que não abrem mão de seus sonhos.

 

As lembranças guardadas com carinho

Duram por toda uma vida.

E a maior prova de amor é estar em silêncio

Diante da dor de quem se ama,

Com os braços e o peito prontos

Para drenar amarguras e dissabores.

Não te preocupa se queres deitar na grama

E somente ver as nuvens que vão passando.

Ignorar o tempo não é abrir mão de vivências.

É acreditar que um instante

Pode conter sementes de Eternidade…


terça-feira, 1 de abril de 2025

Orgulho de ser brasileiro

Estou atrasado em comentar o filme “Ainda estou aqui”, indicado como melhor filme, melhor filme estrangeiro e Fernanda Torres como a melhor atriz, no Oscar da Academia de Hollywood. Eram grandes as possibilidades. O cinema brasileiro nunca esteve tão em destaque com um filme/denúncia sobre um momento ainda tão mal contado da história do nosso país. A Academia agraciou a produção como melhor filme estrangeiro. O primeiro filme a alcançar tal reconhecimento na maior premiação internacional.

A indicação mobilizou parcela dos brasileiros como se fosse uma partida de futebol em jogo de final da copa do Mundo. Para uma população mergulhada na indiferença, diante desta dicotomia besta que se instalou no país, foi uma lufada de bons ares. Os integrantes da Academia reconheceram que o Brasil deixou sua marca ao impulsionar a atenção dada pelas redes sociais. Jornalistas viraram tietes e contam que estavam trabalhando e ouviam pessoas de outros países gritarem que estavam torcendo pelo Brasil.

Poucas vezes se viu tanto entusiasmo como quando atuavam Pelé, no futebol, e Ayrton Senna, correndo na Fórmula 1, por exemplo. Fernanda Torres brincou que faltava virar fantasia de Carnaval ou boneco nos blocos de Olinda e Recife. Não falta mais. Pelo Carnaval do Brasil, a presença de bonecos e de máscaras da personagem emblemática. Na pele de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva (vivido por Selton Mello), desaparecido no regime militar, marcada pela força e de nunca desistir. 

Adaptando o livro do filho, Marcelo Rubens Paiva, Walter Salles colocou em cena duas das maiores atrizes das artes cênicas: a própria Fernanda Torres e sua mãe, Fernanda Montenegro. Esta última a precursora, pois também foi responsável por outra indicação ao Oscar com o filme Central do Brasil. Em seguida também chega ao streaming, passando diretamente em nossas casas. Mas, quem puder, sugiro que vá ao cinema assistir. A sala grande e a telona ainda tem um charme especial para quem gosta da sétima arte…

Somos brasileiros e são estes momentos que não nos deixam desistir. Quem foi ao cinema ficou impactado pela protagonista vivida por Fernanda Torres. A mulher que, mais do que não desistir, procura razão para que a família continue vivendo e não abdicar dos seus direitos. Luta com garras e dentes para saber o que efetivamente aconteceu com seu marido. O que continua sendo um “mistério” até hoje. Quem já viveu um pouco mais sabe que nossos governantes ainda nos devem explicações para muitos momentos que ficaram nebulosos na nossa história…

domingo, 30 de março de 2025

Simplesmente assim: Outonar

 

Os ventos dobram a esquina do tempo.

Apresentam-se desnudando o verão,

Açoitando os braços,

Marcando os rostos e

Os olhos congestionados lacrimejam.

Seu murmúrio despoja as árvores,

Enquanto o primeiro sereno se dissolve ao sol

E o outono cinzela o dia com tons que aconchegam.

 

Sem a exuberância da primavera,

Transtornam o passar das horas, lentamente,

Fazendo a noite aconchegar-se mais cedo

E a manhã espreguiçar-se mais tarde.

Quando outona, fecham-se janelas e cortinas

No desejo de que a casa mantenha o calor humano.

Crepitando ao aquecer as mãos,

Enquanto a lenha estala no fogo,

O aconchego que faz bem ao corpo e ao coração…