terça-feira, 24 de junho de 2025

Coreia do Sul e a Jornada da Juventude

Artigo da semana:

A morte do papa Francisco e a realização da Jornada Mundial da Juventude Católica, em 2027, em Seul, na Coreia do Sul, despertam a atenção sobre o catolicismo naquele país. Onde cerca de 5,8 milhões de pessoas, 11% da população, se diz católica. Naquela localidade, não foram os missionários que abriram caminhos, mas sim a disseminação de uma literatura religiosa, especialmente nos meios educacionais, já no século XVIII. A Igreja Católica seguiu os mesmos rumos que em outros lugares, especialmente, até a metade do século passado, contribuindo com a educação, o atendimento à saúde e o desenvolvimento social.

Recentemente, muitos textos e vídeos foram publicados a respeito. Num deles, destacava-se o fenômeno do sincretismo, em especial com o Confucionismo, o Budismo e outras práticas tradicionais coreanas. Semelhante ao Brasil, onde a justaposição de religiões e filosofias se dá com o Espiritismo e as de matrizes africanas. Na Coreia do Sul, ela tem se adaptado às tradições culturais do país, como a realização de rituais e festas religiosas em que se combinam elementos do catolicismo e do budismo, por exemplo. 

Sequer os k-dramas (as novelinhas coreanas) escapam da presença de elementos de fé. Em “Young Lady and Gentleman” o casal protagonista se reencontra diante de uma imagem de Nossa Senhora, num templo católico, onde consagram suas vidas. Já em “O sacerdote impetuoso”, um personagem formado como soldado de combate mortal vira padre e enfrenta uma máfia. Sendo um misto de comédia e drama, tem cenas bem violentas. No entanto, o trato com a figura do sacerdote é respeitoso, sem as apelações ocidentais de que, neste caso, sempre arrumam uma parceira para desencaminhá-lo do celibato…

O catolicismo, na Coreia, é uma fé minoritária. Seu crescimento se deve a uma forte presença leiga, antes mesmo que fosse feito o trabalho de missionários. Pesquisas apontaram a “simpatia” pela religião por sua forte presença nas causas sociais. O Budismo tem o maior percentual, seguido daqueles que se dizem protestantes. O fenômeno interessante é que o Budismo chega a 22% da população; cristãos (católicos e protestantes, somados) a quase 40% e as demais denominações fecham os outros 38%.

A cultura oriental tem suas próprias peculiaridades. Não se pode generalizar, com a antiga história de que são “todos com olhos puxadinhos…” Eventos como este, reunindo jovens de todos os continentes, alavancam o fervor religioso, mas também tem reflexo no turismo, economia e o dia a dia das pessoas. Foi assim no Rio de Janeiro, como em outras grandes metrópoles. Certamente, com a presença do papa Leão XIV, a oportunidade de se rezar pela paz e o tão necessário entendimento entre os povos.


domingo, 22 de junho de 2025

Simplesmente assim: O outro

"Bom-dia", "Boa-tarde", "tudo bem?"

Não são palavras que apenas acolhem. 

Mais ainda: anulam a invisibilidade.

A pessoa na parada do ônibus por onde andas,

O jardineiro aguardando passares a fim de te proteger,

A catadora de lixo reciclável que todos os dias

Revira os latões em busca do sustento.

Quando levantam os olhos

Compartilham a angústia por estabelecer pontes.

 

Saudar alguém que já se conhece é costume.

Surpreender um passante na rua com um sorriso,

Uma palavra de carinho,

Revoluciona o estado de espírito

De quem dá e de quem recebe atenção.

Encolhidos e escondidos em nossos casulos

Perdemos o melhor no baile da vida:

Para seguir o compasso pelo salão é preciso

A coragem de tirar alguém para dançar…


sábado, 21 de junho de 2025

A cidadania é a meta, os livros são o caminho









Leituras e lembranças:

 Ainda não se inventou uma forma melhor de transmitir conhecimento e emoções do que o livro. Também, é uma das melhores maneiras de adquirir vocabulário e desenvolver raciocínio ágil. Desde que nossos antepassados começaram a gravar em pedra o que estavam pensando e sentindo, evoluindo para o uso do pergaminho e do papiro, até chegar ao formato que conhecemos hoje. Nestes tempos bicudos, já se vislumbra um futuro onde aparecem os livros eletrônicos e os audiolivros, por exemplo.

Vivemos uma fase de transição em que o impresso vai, gradativamente, sendo substituído pelo digital. Claro que ainda existem os "analógicos" (como eu), que preferem o "cheiro da tinta e a sensação de tocar o papel..." Mais ou menos como os velhinhos pré-Gutenberg que carregavam seus papiros e pergaminhos embaixo do braço e criticavam aquela novidade que era o livro impresso, afirmando, categoricamente, ser apenas modismo e que iria passar. Não passou, bem pelo contrário, decretou a agonia dos anteriores…

Num tempo em que se fala tanto em preservação dos recursos naturais, por uma questão ecológica, os eletrônicos possibilitam a diminuição do consumo de papel que, em períodos recentes, devastou matas e, quando replantado industrialmente, tira espaço de reflorestamento nativo. Uma das possibilidades é a utilização do papel reciclável. Conserva os recursos naturais, economiza água e energia, assim como reduz os resíduos. Seu desafio são os custos (é mais caro que o papel virgem), a qualidade e a aparência.

Em qualquer dos casos, o importante é estimular a leitura. A diminuição de obras publicadas na linha da ficção (especialmente romances) levou a exercitar a criatividade. A Coreia do Sul, por exemplo, publica histórias para serem lidas em celulares ou tablets, por assinatura. E se dissemina o uso dos audiolivros, especialmente para pessoas com deficiência visual, idosos e doentes.

Quem despreza livros eletrônicos, dizendo que ainda não se popularizou, pode falar o mesmo do impresso. Num país que apoia a leitura no discurso, mas não, na prática, tem-se a grande maioria de brasileiros que, privada do acesso aos livros, pelo custo ou uma educação deficiente, não é estimulada a ler. Típico de estados que não se importam com a educação política de seus cidadãos, convencidos de que precisam ter seus políticos de estimação. Infelizmente, hoje, brigar por “a” ou “b” tornou-se mais importante do que pensar num futuro em que a plena cidadania é a meta e os livros, com certeza, serão o caminho. (Ilustração geradas pela IA Gemini - este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Encontros possíveis

Sexta com gosto de poesia:

Um dia, tive que seguir o meu rumo.

Ausentar-me foi o tempo de espera pela volta.

Na despedida, as lágrimas contidas

Acabaram transbordando no olhar.

Regressar era a condição definitiva

De aceitar o quanto precisava de ti.

Quando te reencontrei, prometi que,

Desta vez, não haveria nova partida.

 

Mirar-te não era mais contemplar o viço

De quem está permanentemente energizado.

Somente em teus olhos reencontrei a fagulha

Que mantém a chama da existência.

E, mesmo assim, queria que fosse

Suficiente para aquecer o meu peito.

As marcas da história de uma vida

Cravejadas em teu rosto e em tuas mãos…

 

Teu abraço ainda tem o gosto

Das brasas mornas que não desistem do calor,

Que somente encontrei contra o teu peito,

Na doçura de um coração eternamente apaixonado.

Jurei que, quando nos faltarem as forças,

mesmo assim, vou pedir que não desistas de mim.

Rezo para que nunca estejas só e

que sempre sejas feliz.

O sentimento de quem alcança a plenitude

Ao ajudar alguém a realizar os seus sonhos.

Mesmo que a gente já não esteja mais neles…


terça-feira, 17 de junho de 2025

Abstinência do uso de eletrônicos

Artigo da semana:

Recentemente, li postagem de um casal que resolveu deixar o celular guardado em casa quando jantou fora. Diziam que, no início, foi difícil, pois, ao sentarem para fazer o pedido, ficavam colocando a mão no bolso/na bolsa para conferir mensagens. Depois de algum tempo, a conversa fluiu, pois não havia interrupção com “alertas” ou toques desnecessários. Após a comida, passaram um bom tempo passeando e conversando. Ao chegar em casa e conferir o telefone, viram que havia algumas mensagens, mas nenhuma delas que fossem urgentes.

Ao discutir o uso de novas tecnologias, especialmente as redes sociais, tenho que confessar minha dependência com os eletrônicos. Na maior parte das vezes em que saio de casa, carrego o celular comigo. Não pelas mensagens ou ligações, mas porque se transformou no meu “player”. Selecionei cerca de 160 músicas, especialmente das décadas de 70 e 80. Coloco meus fones de ouvido e faço a caminhada ou ando pelas ruas, comércio e serviços com a minha trilha musical de fundo.

A dependência dos recursos eletrônicos leva a sermos desrespeitosos em situações como a sala de aula em que alunos mantêm o celular ao lado dos cadernos e dos livros. O motivo é dar uma “frestiadinha” ocasionalmente, para ver se existe alguma “emergência”. Infelizmente, é o motivo de distração para quem usa o aparelho, quem está no entorno e deixa o professor ou palestrante com a sensação de que não está agradando… os resultados das restrições impostas ao seu uso em sala de aula e ambientes escolares mostrou uma redobrada atenção e intensificou o convívio social.

Também há o caso de uma vizinha e amiga que fez o que faz a maioria das pessoas: após adquirir o celular, abriu mão do telefone fixo. Só que tem um detalhe: no caso, não carrega o aparelho com ela. Somente atende em casa. Os conhecidos já sabem as “manias" e se programam para ligar no horário do almoço ou à noite, quando se preparam para um bom papo. E nem pensa em usar o WhatsApp. Não tem. Diz que não sabe usar e prefere falar ao vivo, ir até a casa das pessoas amigas ou vizinhos.

Tento e falo a respeito da necessidade de se fazer abstinência do uso de eletrônicos. Caminhar “sem rumo e sem destino”, apenas ouvindo o som das ruas, muitas vezes pode ser construir espaços de sanidade mental. Prescindir do celular em sala de aula, na mesa de refeições, quando se está em família ou comunidade, oportuniza uma convivência mais saudável e necessária para desintoxicar o organismo, a mente e o próprio coração… (Imagem gerada pela IA Gemini)


Imagens e sentimentos: Somos

Brincas em meus sonhos,

Transitas por minhas fantasias.

Fazes parte do meu imaginário e

Partilhas das minhas alegrias!


                            Manoel Jesus

           (Imagem gerada pela IA Gemini)


domingo, 15 de junho de 2025

Simplesmente assim: Morrer

Não é a finitude que angustia, mas, sim, a dor.

Envelhecer é o caminho em que se outona a vida,

Quando as folhas secam, tombam e nutrem a terra.

No tempo em que as ausências são mais sentidas,

A finitude afronta e cria a consciência de que

Se dissolvem os derradeiros rastros que ficaram no amor.

Tem-se um dia para morrer e todos os outros para viver, 

Ao se perceber que o fim se torna o espelho 

Em que somos apresentados à solidão.


O desejo de aceitar um bem maior: a própria vida,

Pois ao querer mudar o Mundo, aprende-se que, antes,

É necessário mudar a si mesmo.

O jeito de perceber que as transformações 

São feitas ao sabor da brisa... E não dos ventos.

Iniciam, exatamente, quando se ressignifica 

A capacidade de acolher e cuidar de quem se ama.

O próximo que não cabe em discursos, mas, sim, 

Num abraço em que se alcançam as presenças…

E se acalentam as ausências!