Retratos e pinturas deveriam envelhecer
Com quem lhes serviu de inspiração.
As mudanças seriam percebidas aos poucos,
Acentuando-se na passagem das estações do ano,
Sentindo que o tempo percorrido
Cinzela a pele, preparada desde a Eternidade,
Para receber os sulcos que tramam imagens
Sem conseguir enganar o destino.
Quando a superfície estiver recoberta
Por desenhos aparentemente distorcidos,
Numa imagem surrealista,
Ganha força o sorriso em que os olhos emolduram
Os vincos que os contornam e reinventam formas.
Entalham as referências de uma vida:
Os caprichos do artista que não
Se preocupa em se curvar à simetria,
Esculpindo mistérios com o olhar sobre
O que a própria história ainda não contou…