domingo, 8 de junho de 2025

Simplesmente assim: “Bobo”

Envelhecer é redescobrir o sentido de ser “bobo”.

As convenções sociais passam a ser menos importante 

Do que a felicidade ao lado de quem se ama.

O primeiro toque na mão do recém-nascido

Desvela o sentimento da infinitude que desabrocha.

A conquista do direito de ter as mãos do filho 

Entre as da gente num momento de confidência.

As forças que se esvaem no entardecer da existência, 

Mantendo o sorriso da vida que teima em não desistir.

 

Rir, sorrir, brincar, dançar… 

Me faça ser “bobo” como somente a inocência é capaz.

Encontrar um olhar de ternura e mergulhar num abraço.

Na possibilidade das energias que se reencontram,

Erguer os olhos da desesperança,

Para compartilhar um instante de felicidade.

Energizado pela forma como sorris,

O jeito desengonçado como andas, ouvindo

A tua primeira palavra do dia, 

Carinhos que redesenham a própria alma!



sábado, 7 de junho de 2025

Winnetou, de Karl May

Leituras e lembranças:

Recebi mensagem dizendo que este espaço poderia ser chamado de “leituras, lembranças e preciosidades". Pois, eis mais uma delas para “rapazes” de hoje que foram garotos nas décadas de 60 e 70 (para as “moças”, escrevo na próxima semana). Falo de "Winnetou", a obra mais famosas do escritor alemão Karl May (1842-1912), conhecido por romances de aventura (tipo “mocinho e bandido” ou “mocinho e índios”) ambientados no velho oeste americano e no Oriente Médio.

Karl May teve uma vida bastante peculiar e cheia de percalços, incluindo períodos na prisão, onde desenvolveu sua paixão pela escrita. Embora tenha narrado histórias sobre o oeste americano e o Oriente Médio com detalhes e realismo, ele só visitou essas regiões no final de sua vida, como turista. Grande parte de suas descrições e conhecimentos vinham de leituras e da sua imaginação fértil.

A trama de "Winnetou" gira em torno da amizade e das aventuras do protagonista alemão, um agrimensor que se torna conhecido como Old Shatterhand (Mão de Ferro), e o chefe apache Winnetou. Inicialmente, os dois se encontram em lados opostos de um conflito territorial, com Shatterhand trabalhando para a construção de uma ferrovia que atravessaria as terras apaches. No entanto, após uma série de eventos dramáticos, incluindo a morte do pai e da irmã de Winnetou, os dois desenvolvem um laço de amizade profundo e se tornam irmãos de sangue.

Presente em muitas bibliotecas juvenis, "Winnetou" teve um impacto cultural significativo, primeiro na Alemanha. Depois ganhou o mundo, estimulando a imaginação, ajudando a moldar a percepção de gerações de leitores sobre o velho oeste, a cultura indígena americana e os valores de amizade e heroísmo.

A popularidade de Winnetou levou a várias adaptações para o cinema e a televisão, sendo as mais famosas uma série de filmes alemães produzidos na década de 1960, estrelados por Pierre Brice, como Winnetou, e Lex Barker como Old Shatterhand. Esses filmes contribuíram ainda mais para a imagem icônica dos personagens e para a duradoura admiração pela obra de Karl May.

Apesar de algumas críticas modernas sobre a representação dos povos indígenas e o orientalismo, o legado de "Winnetou" permanece um marco na literatura de aventuras. Seus exemplares, hoje, são raros. Encontram-se em sebos físicos ou virtuais. Você já leu ou assistiu? Se sim, qual foi sua impressão? Na biblioteca do Seminário Diocesano de Pelotas tinha a coleção completa, quando eu estava na faixa dos 12 aos 14 anos. Foram boas leituras, deixaram boas lembranças… (Com pesquisa IA Gemini)

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Partilha de sentimentos

Sexta com gosto de poesia:

Feridas sempre causam dor e deixam marcas.

Escondidas nas chagas abertas, desvenda-se uma história.

As piores são aquelas que se alimentam das ausências.

Mesmo quando são causadas por "boas intenções",

Revestem-se do medo da solidão.

Pois quem clama aos quatro ventos

Ter projetado a solução dos teus problemas

Foi incapaz de, simplesmente, te alcançar a mão.

 

Toda a vez em que apontava

O que outros haviam feito para ferir,

Recusava reconhecer a sua responsabilidade.

Não sabia o quanto magoava.

Quando se precisava de um abraço e compreensão,

Dispensam-se as críticas sobre 

O comportamento próprio ou alheio.

Basta abrigar sobre o peito nos momentos mais difíceis.

 

Feridas não surgem do nada.

As que laceram o físico, podem ser feitas por descuidos

Ou adversidades e precisam de paciência

Para que virem cicatrizes.

As que chagam a alma, sangram vivências.

O tempo somente não é suficiente para serem apagadas.

Perseguem a mente e o corpo enquanto

Não encontram o bálsamo de um carinho, no milagre

Da graça e bênção de uma partilha de sentimentos…


terça-feira, 3 de junho de 2025

Eu, a garça e a dança do pescoço reto…

 Artigo da semana:

Antigamente (meu tempo), quando alguém aparecia com o pescoço se projetando para a frente, falava-se no mau costume da leitura, costura ou atividade que exigisse muita atenção. Era, como hoje, um jeito viciado de se comportar. Que, infelizmente, está aparecendo nos jovens cada vez mais cedo. Pelo acesso excessivo de telas, especialmente de celulares, mas também de tablets e computadores em alturas que exigem dobrar o pescoço e o rebaixamento da cabeça.

Recentemente percebi isto em jovens que saem de uma cancha de futebol em frente da minha casa. A primeira coisa que fazem é retirar seus celulares das mochilas e caminharem consultando mensagens. Impressiona como aumentou o número daqueles que tem esta postura viciada. O "pescoço de texto", ou "anteriorização da cabeça", como tratam os especialistas, é a porta para muitos problemas. Sobrecarrega os músculos e a coluna cervical, causando dores, rigidez e, até mesmo, a síndrome do pescoço reto.

Quando percebi que fazia isto, tentei corrigir, não somente policiando a postura, mas incluindo exercícios apropriados. O engraçado é que "torcido o pepino" até inconscientemente se repete o mesmo vício. Num vídeo que gravaram da minha participação no encontro da Pastoral da Juventude em Bagé, houve um momento de música em que dei uns passinhos de dança. O ridículo dos ridículos! Podia ser tudo, menos dança. Com o pescoço torto, parecia mais uma garça tonta, ou bêbada.

Já vinha reparando nas fotos e vídeos que faziam de encontros ou palestras dos quais participava. Busquei orientação e me disseram o óbvio: a má postura cervical, o longo tempo passado em leituras de forma desleixada ou trabalho em equipamentos que faziam encurvar para a frente judiaram a postura. Vencê-los exige persistência e cuidado, pois o que aparentemente não causa problemas agora se transforma em algo bem sério na fase adulta e, especialmente, no envelhecimento. Dois exercícios básicos me auxiliam.

Em tese, sabe-se que os problemas de hoje têm origem na educação. O que muitas vezes não se sabe é o que fazer. É assim no comportamento físico dos jovens. O desleixo ao sentar e caminhar são maus hábitos. Usar eletrônicos corretamente, fortalecer a musculatura, pedir apoio de pessoas mais próximas para ser alertado e, em casos extremos, a ajuda de um profissional, que pode ser um fisioterapeuta ou ortopedista. Sem isto, é bom se acostumar com as dores e desconfortos. E evitar fotografias e filmagens…


domingo, 1 de junho de 2025

Simplesmente assim: Um mate

Queria matear contigo.

Sentar na roda em que se desfazem as diferenças,

Quando a cuia passa de mão em mão, 

Estreitando os laços de amizade,

Reforçando o sentido da fraternidade,

Aquecendo o peito, no silêncio das palavras

Que não precisam ser ditas,

Simplesmente se transformam em olhares e sorrisos.

 

Na roda de mate estão os que ficaram 

E quem se gostaria de reencontrar.

Matear contigo é contemplar um pouco da Eternidade.

Quando mesmo as ausências são apenas 

Uma pequena distância ao alcance do coração.

Me passa o mate.

No calor da cuia e da mão que o entrega

Se faz a partilha de almas,

Que encontram na beira de um fogo

O calor de um grande e apertado abraço!


sábado, 31 de maio de 2025

Os livros da Reader's Digest Seleções

Leituras e lembranças:

Quem já viveu algum tempo na volta dos livros deve ter conhecido a coleção que a Reader's Digest Seleções publicou com edições compactas e resumidas de obras, muitas vezes reunindo vários títulos em um único volume. Nos meus tempos de juventude, o dinheiro era curto. Então, me valia das bibliotecas ou do empréstimo de alguns conhecidos. Foi quando fui apresentado a alguns dos compêndios. Eram edições condensadas, múltiplos livros em um volume, variedade de gêneros, com traduções e adaptações.

Nos últimos cinco anos, batalhei para refazer minha biblioteca. Nas muitas andanças, acabei doando grande parte do acervo que tive. Quando saí do Seminário, quando fui para Porto Alegre, ao me aposentar… Ocasiões em que entreguei para bibliotecas da Universidade, Seminário, Instituto de Menores, Presídio e instituições que se interessassem em aumentar o acervo. Fiquei com pouco mais do que 50 livros. E fui à cata das obras que já estiveram comigo, em livrarias e sebos.

Uma das alegrias foi reencontrar estes compêndios, que estavam nas minhas memórias como livros com argumentos leves, histórias envolventes e linguagem acessível. Coleções de publicações diferentes de qualquer outro “clube do livro”. E, agora, segundo me informaram livreiros de sebos em Pelotas, Porto Alegre, Florianópolis, aparecem leitores nostálgicos em reencontrar, em muitos casos, os primeiros contatos com a leitura. Como no meu caso, nas décadas de 70 e 80.

Os livros publicados pelas revistas Seleções foram, para muitas gerações, a porta de entrada para o mundo da literatura. A estratégia de condensar obras permitia que leitores com menos tempo ou que buscavam uma leitura mais acessível tivessem contato com best-sellers e clássicos. Essa democratização do acesso a histórias variadas é um legado importante. Pena que estas publicações tenham sido descontinuadas. Manteve-se a revista e praticamente se extinguiu a publicação de livros.

Os “cúmplices” na caça a estas publicações (os livreiros de sebos) estão sempre farejando novas levas de livros que as pessoas, pelos motivos mais diversos - mudança de casa, diminuição dos espaços, até a morte… - precisam desocupar espaços. Pena. A história de uma pessoa pode ser contada pelos livros que leu. E as obras publicadas por Seleções me ajudaram (e ajudaram a muitos) a enriquecer vocabulário, incentivar a criatividade mental e embalar muitos e muitos sonhos! (Com pesquisa da i.a. Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com.)

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Alguém para se tornar um lar

 Sexta com gosto de poesia:


Não se esquecem bons momentos.

Adormecem em um recanto da memória

E, passado algum tempo, despertam,

Se espreguiçam e emergem diante de nossos olhos.

À procura de coisas aparentemente banais:

O lugar de sentar à mesa,

O cafezinho sorvido no recanto da cozinha,

Andar por lugares que criaram hábitos e costumes.

 

As lembranças andam por vias tortuosas

Deixando o sentimento de que,

Por algum motivo, ficaram incompletas.

Na banalidade em que se transforma o existir,

Nas rotinas em que não se valoriza o presente,

O passado tem gosto do que não se viveu plenamente.

Ainda havia algo a ser feito e não se conseguiu forças

Para compartilhar com quem se amou.

 

Felicidade é a busca por preencher lacunas.

Costurar os lugares em que a dor penetrou,

Uma limpeza de tudo o que se acumulou.

Ambicionar reviver momentos felizes e

Ao esquecer de onde é a própria casa,

Precisar de alguém para se tornar um lar.

Prender a felicidade antes que esvaneça.

Ao desaparecer o que dá brilho aos olhos,

Evapora-se o que dá rumo à própria vida…