Seguidamente, aparecem curtas na internet em que pessoa porta cartaz, em plena rua, se oferecendo para receber e dar um abraço. Algumas vezes escrito: “Só queria ganhar um abraço…” A grande maioria passa batida e desconfiada. Mas sempre tem aqueles (e aquelas) que sorriem e aceitam o convite. Infelizmente, não são feitos depoimentos de quem deu ou de quem os recebeu. Superado o receio de fazer fiasco, quebradas as barreiras do preconceito, o abraço se torna uma válvula de escape para muitas “neuras”.
A mulher estava secando a louça na pia, quando se sentiu mal e se apoiou na bancada. O cachorro percebeu que a dona ia ter uma crise epiléptica. Em silêncio, escorou suas costas até que estivesse sentada no chão. Abriu a geladeira e alcançou água. Fechou a geladeira e procurou deixá-la da melhor forma possível para que repousasse. Só então alcançou o interfone e tocou chamando a portaria. Latiu e o porteiro entendeu que havia algum problema, pois tinham conhecimento do histórico de saúde da proprietária do apartamento.
Uma das primeiras frases que marcou a figura de Francisco, quando assumiu a cátedra de Pedro, foi: “Sempre que possível, dê um sorriso a um estranho na rua. Pode ser o único gesto de amor que ele verá no dia”. E também: “É preciso ter bom humor no dia a dia para não tornar-se ‘avinagrado’”. “Só queria ganhar um abraço” pode ser a demonstração de carência ou de ternura. E o cão cuidador demonstrou, por instinto e carinho, o que precisamos: gestos de solidariedade e de empatia, a “fofura” de que estamos carentes.
A generosidade tem o poder de transformar o dia de alguém. Francisco, com palavras, gestualidade, expressão facial, atitudes, dá exemplo de que momentos de desprendimento tornam mais leve a vida, carregada de rotinas e mesmices. O cadeirante que entrou na quadra para jogar basquete, o desconhecido oferecendo um abraço, o cão convivendo e cuidando da dona foram imersos num estado de fofura (sensibilidade). Hoje, raros, mas necessários para que não se desaprenda que o melhor que ainda temos é a nossa própria humanidade…