Robert Harris é autor do best seller Conclave, adaptado para o cinema e, neste momento, em evidência pelas diversas indicações ao Oscar. Aborda uma temática que causa arrepios nos leitores que gostam quando se trata de teorias da conspiração, isto é, aquilo que expõe, desnuda negociações políticas, como a obra, falando a respeito da sucessão do papa (que se parece com Francisco…), numa época de abertura para as realidades sociais e sair do mundinho italiano para se tornar, de fato, universal. Isto na ficção…
Encontra terreno fértil neste tempo em que o papa Francisco, com 88 anos e a saúde debilitada, esforça-se para continuar sua obra, com uma garra que poucos religiosos com menos idade têm. Conclave é um livro que prende, descrevendo a morte do papa e a eleição de um novo, na Capela Sistina. Com a demonstração de ambição e mistérios que envolvem os principais “candidatos”. Quem narra é o cardeal Lomeli, decano do Colégio Cardinalício, que tem a obrigação de assegurar a lisura da sucessão, em meio aos seus próprios conflitos de fé. Na Missa que antecede o enclausuramento dos 128 homens para votarem, Lomeli desabafa:
“Oremos para que o Senhor nos conceda um papa que tenha dúvidas e que, pelas suas dúvidas, continue a fazer da fé católica uma coisa viva capaz de inspirar o mundo inteiro. Oremos para que ele nos conceda um papa capaz de pecar, e de pedir perdão, e de seguir em frente. É isso que pedimos ao Senhor, através da intercessão de Maria, a mais santa, Rainha dos Apóstolos, e de todos os mártires e santos, que ao longo do curso da História tornaram esta Igreja de Roma gloriosa através dos tempos…”
Gosto da temática, mas não pretendo dar spoiler, contando o final. Levei um baque nas últimas páginas. Embora se apresentem as vaidades e interesses escusos, para os religiosos católicos, há uma clara sugestão da ação do Espírito Santo. Contudo, também a discussão de questões ligadas à sexualidade e afetividade. A verdade é que o papa Francisco não tem fugido desta temática, mas, com certeza, serão necessários ainda alguns “franciscos” para que este rosto divino da sua Igreja se ajuste ao jeito bem menos santo de viver do ser humano…
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