sexta-feira, 29 de novembro de 2024

A cor de todas as raças

Ferir a terra com a enxada,

Regá-la com a semente,

Encravar a promessa do fruto.

No chão que se fecunda,

Há um tempo de espera.

Dormita no seio do torrão que se ama

A expectativa do que é possibilidade,

Com o anúncio dos primeiros brotos…

 

Qual é a cor da terra?

A que cinzela todas as raças,

Em que as espécies encontram princípio e fim.

O seio intumescido, alimentado e cuidado,

Se faz fértil ao nutrir e bendizer.

Semear e adubar o solo 

Vence o inverno, apazigua a fome,

Esperançando a chama da existência.

 

Bebe das águas que serpenteiam seu curso,

Vindo das nascentes e das montanhas.

Ao longo das margens dos rios,

Recolhem os sedimentos que 

Encorpam as raízes,

Dão viço ao talo e 

Desabrocham nas folhas e flores,

De onde irrompem os frutos.

 

Olhar alçado em direção ao horizonte,

De onde as nuvens prenunciam

A brisa úmida que afaga o tronco da planta,

De onde a mãe Natureza se prepara

Para deixar fluir a chuva que asperge as folhas

E ao calor que possibilita a vida que se renova.

O fruto da terra guarda o sentido

da justiça e da solidariedade.


Desperdiçado, clama aos céus.

Negado, transforma-se em maldição.

Abandonado, é um pecado inominável.

A peregrinação e a fome da cor de todas as raças

É o brado por saciar os olhos cansados

E os corpos aflitos de quem sabe que a terra

Abençoa seus filhos, desde o seu nascimento, 

Até que ao seu coração, enfim, acabe voltando…


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