Ferir a terra com a enxada,
Regá-la com a semente,
Encravar a promessa do fruto.
No chão que se fecunda,
Há um tempo de espera.
Dormita no seio do torrão que se ama
A expectativa do que é possibilidade,
Com o anúncio dos primeiros brotos…
Qual é a cor da terra?
A que cinzela todas as raças,
Em que as espécies encontram princípio e fim.
O seio intumescido, alimentado e cuidado,
Se faz fértil ao nutrir e bendizer.
Semear e adubar o solo
Vence o inverno, apazigua a fome,
Esperançando a chama da existência.
Bebe das águas que serpenteiam seu curso,
Vindo das nascentes e das montanhas.
Ao longo das margens dos rios,
Recolhem os sedimentos que
Encorpam as raízes,
Dão viço ao talo e
Desabrocham nas folhas e flores,
De onde irrompem os frutos.
Olhar alçado em direção ao horizonte,
De onde as nuvens prenunciam
A brisa úmida que afaga o tronco da planta,
De onde a mãe Natureza se prepara
Para deixar fluir a chuva que asperge as folhas
E ao calor que possibilita a vida que se renova.
O fruto da terra guarda o sentido
da justiça e da solidariedade.
Desperdiçado, clama aos céus.
Negado, transforma-se em maldição.
Abandonado, é um pecado inominável.
A peregrinação e a fome da cor de todas as raças
É o brado por saciar os olhos cansados
E os corpos aflitos de quem sabe que a terra
Abençoa seus filhos, desde o seu nascimento,
Até que ao seu coração, enfim, acabe voltando…
Nenhum comentário:
Postar um comentário