domingo, 6 de fevereiro de 2022

Natal: uma boa razão para se morrer...

Histórias vividas podem ser tão incríveis que, em muitos casos, a realidade supera a fantasia e deixa no limiar entre a concretude e a imaginação. Foi o que se deu com Eric Schmitt-Matzen, então com 60 anos. Para trabalhar nas festas de Natal, vinha ajustando seu perfil físico e, hoje, é reconhecido como o retrato vivo do Papai Noel. Vivendo no Tennessee, Estados Unidos, o forte da sua atuação acontece no final do ano. Entretanto, é comum pessoas ligarem pedindo a sua presença em eventos ou em situações especiais, antes mesmo desta data. E foi o que teria acontecido…

Eric contou ao jornal Knoxville News Sentinel que recebeu chamada urgente de uma enfermeira, já sua conhecida que trabalhava em um hospital. Isto foi pelo mês de outubro e a profissional da saúde contava que era uma criança de 5 anos, com poucas esperanças de vida. Manifestou que seu maior desejo era conhecer o Papai Noel. Lembraram do Eric, que também prestava serviços comunitários. Prometeu vestir a roupa adequada e, em seguida, estaria lá. Recebeu como resposta que não havia tempo e bastava colocar o que estivesse à mão, pois o menino não duraria muito

O dublê de Bom Velhinho conta que encontrou a criança muito fraca, parecendo dormir. Ao vê-lo, esboçou um sorriso. Teve tempo de sentar na beira da cama e perguntar: “ouvi dizer que você vai perder o Natal? Quer saber? Você é meu elfo número um, meu favorito!”. Um sorriso iluminou o rosto do menino que teve forças apenas para murmurar: “sério?”. Emocionado, Eric deu o presente que os pais haviam lhe alcançado. Ele abriu com muito esforço, depois, ergueu-se na cama e lhe deu um abraço. Ao ouvido, ainda murmurou: “dizem que vou morrer, como vou saber para onde vou?”

Tempo suficiente para responder: “quando chegar, diga que é o duende número um do Papai Noel e você vai entrar”. No abraço e troca de palavras, a criança, com câncer, faleceu. Os pais assistiam do lado de fora e, quando o soltou na cama, a mãe entrou correndo e gritando: “não, não, meu Deus, agora não!” E completou: “entreguei a eles o seu filho e fui embora imediatamente. Isso me afetou tanto que me perguntei se deveria voltar a me fantasiar de Papai Noel”. Depois que o Sentinel contou a história, em 2016, ela foi repercutida pela Global News e diversos meios de comunicação.

Os americanos gostam de checar informações. Muitos dados não conseguiram ser confirmados e alguns meios deixaram de publicar a história. É lema do bom jornalismo: dificilmente, apenas uma fonte é suficiente para amparar uma boa matéria. Especialmente, nos detalhes. Neste caso, poderiam ser os profissionais que estavam de plantão, ou até mesmo os familiares. Mas os profissionais da notícia também sabem que existe, na sua profissão, a proteção à fonte. Em muitos casos, não apenas por questão de segurança, mas para resguardar o direito à privacidade.

Foi do que se valeu o substituto do Papai Noel. Nas entrevistas, Eric contou que foi experiência única, que desejava e acreditava que deveria compartilhar, no do espírito da festa, resguardando a identidade da criança, pais e enfermeira. Passaram-se seis anos e o acontecido é recontado por esta época. Envolve criança, “mistério” e imaginação. Se não aconteceu com o Eric, não pode ter acontecido com outro? Natal é tempo de alegria. Na essência, a capacidade de fazer alguém feliz e dar sentido à vida… se não for este o caso, não pode ser, apenas, uma boa razão para se morrer?

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