domingo, 2 de maio de 2021

São José: aprendendo a fazer, se aprende a amar


O mês que os cristãos católicos consagram à Nossa Senhora (com uma das mais belas homenagens em 13 de maio, dedicada à Nossa Senhora de Fátima) inicia com uma das festas de São José, seu marido e pai adotivo de Jesus. Para algumas religiões cristãs, também é considerado o mês das noivas, de lembrar e acarinhar as mães, enfim, tempo de celebrar a família. Como li em algum lugar “um sonho e projeto de Deus”, por ser uma expectativa, algo que se coloca no horizonte com um forte desejo de que se realize e que povoa nosso imaginário com as mais ternas possibilidades.

Para que a Sagrada Família pudesse se concretizar foram necessários dois “sins”: o de Maria, quando disse “faça-se em mim segundo a Sua vontade!” e, talvez o mais difícil, de José que precisou assumir uma paternidade que não era sua. Se na cabeça de muitos homens, ainda hoje, assumir esta responsabilidade seria difícil, imagine naquele tempo em que as leis e normas de relacionamento eram mais rígidas. Os registros mostram que José tinha que pesar o que haveria de fazer, pois poderia marcar definitivamente a sua vida e, especialmente, a vida da jovem Maria.

As conversas com a esposa eram momentos em que se sentia tranquilizado e pronto para enfrentar tudo aquilo que os Anjos anunciavam e, sabia pelas Escrituras, passaria seu filho adotivo. Moravam numa aldeia e qualquer deslize poderia resultar em que tivesse seu nome desonrado e que a esposa pudesse, até, ser apedrejada. Além do mais, não era daquele lugar e sempre haviam desconfianças com aqueles que chegavam aos vilarejos e passavam a exercer uma atividade que lhe dava um certo destaque social. Encontrava sua tranquilidade no trabalho e nos momentos em que conseguia rezar.

A lembrança deste “sim” ficou em seu espírito por toda a vida. Aprendeu a amar a criança que começou a engatinhar a seus pés e procurar pedaços de madeira para brincar, enquanto trabalhava na carpintaria; que levavam a passear pelas redondezas de Nazaré e perguntava sobre pássaros, árvores, plantações, trabalhadores e suas famílias; o dia em que o apresentaram na Sinagoga e deveria se separar das mulheres, quando precisou convencer Maria de que o menino crescia e era o momento de lhe mostrar os caminhos de Javé, mesmo que, de longe, um não tirasse o olho do outro.

Parceiro e aprendiz nas lides de trabalho: a construção de mobílias que a comunidade utilizava em suas casas, cercas dos pequenos quintais e cangas que auxiliavam a orientar os bois nas lides das lavouras e das cargas. As viagens ao Líbano em busca de madeira da melhor qualidade, em especial o cedro. Quando tinha mais tempo para ensinar a se relacionar com outros viajantes e desfrutar de uma jornada privilegiada com um menino que aguçava a curiosidade para conhecer melhor a humanidade, ainda precisando aprender a conhecer a própria divindade…

“Santa morte!” Assim o povo chama o fim de quem assumiu de fato e de direito a criação do ser mais especial que já assumiu a forma de um homem. Faz o pedido para ter um desenlace abençoado, como foi o daquele que teve ao lado Jesus e Maria. Missão cumprida, testemunho dado: foi aprendendo a fazer, que também aprendeu a amar. Não há detalhes a respeito, mas, se, hoje, pais adotivos são chamados de pais de coração, deveria se fazer imagem do Sagrado Coração de José… Aquele que abriu o próprio peito - e a mente - para acarinhar, num menino, um sonho de Deus!



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