Economistas começaram a mapear os números do desemprego no Brasil, consequência das dificuldades financeiras já enfrentadas e a pandemia do coronavírus. Alertam para os problemas que as classes pobres enfrentarão para conseguir alimentos e uma consequência - que se não é natural - acaba se dando quando a ausência do estado e da sociedade organizada marginalizam esta parcela da população: a violência. Especialmente em cidades de porte médio e grande, 30 por cento da população passará necessidades.
Setores da sociedade se esforçam para suprir a ausência do estado. Mas não vão aguentar por muito tempo, especialmente se as necessidades aumentarem. A solidariedade se manifesta quando pessoas se oferecessem pra comprar alimento; cozinham na rua; distribuem quentinha; abrem as portas de instituições para distribuir o que angariam em mobilizações que podem durar algum tempo, mas não podem se manter para sempre...
É preciso uma resposta institucional dos governos. Centros como Pelotas, Rio Grande e Bagé deveriam ter, por parte de suas prefeituras, mapa que referenciasse os mais carentes, aqueles que dependem de bicos, pequenos serviços, catadores, diaristas... com ações que minimizem suas dificuldades de acesso a bens de primeira necessidade, especialmente a alimentação. Poderiam ser auxiliadas pelas igrejas tradicionais, que possuem capilaridade social, caso da Católica e algumas evangélicas.
Boa parte da sociedade não tem se omitido e dá a sua contribuição. São louváveis e merecem apoio as atitudes isoladas ou em grupo de pessoas que se comovem e se motivam para a prática da solidariedade. Isto pode ser feito durante algum tempo, mas vai precisar ser sistematizado para que não aconteça, por exemplo, como o grupo que preparava sacolas básicas e, em alguns casos, passou a receber de volta, porque as pessoas não conseguem comprar o gás para o preparo do alimento...
Uma entidade religiosa que recebe crianças em situação de risco - possibilitando atendimento em turno inverso e alimentação - resolveu fazer um kit onde incluía a comida e material de higiene (álcool gel e sabão). As famílias atendidas passaram a receber aqueles produtos possibilitando, como uma delas disse, que pudessem fazer uma janta, já que, para uma família grande, não era suficiente para duas refeições. E não poderiam deixar as crianças dormir de barriga vazia...
A cena mais impactante se deu ao encontrarem uma surpresa em meio aos produtos da sacola: um pacote de bolachinha doce... Olhares de idosos, jovens e crianças iluminaram-se por aquele pequeno gesto de carinho - a alegria do diferencial - de alguém que pensou que, em meio a todas as tristezas e necessidades, não se pode deixar que se brutalizem as relações: a vivência de um dia a dia difícil, sem que "se perca a ternura jamais!"
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