Fiquei surpreendido quando precisei ir a um escritório de arquitetura no centro da cidade e, por todas as ruas que percorri, encontrei sempre pessoas usando máscaras. A pandemia servindo para que se aprenda novas formas de convivência, em especial, pela higiene social. Esta terminologia aponta para hábitos pessoais - lavar as mãos, usar máscaras, álcool gel - tendo em vista o contexto em que se vive, dando segurança e fazendo com que o convívio entre as pessoas se torne bom e agradável.
Para entender este jeito de viver em sociedade, é necessário perceber que a visão da propagação do vírus é da classe média, que ocupa espaços dos meios de comunicação e fala da família "estruturada", morando em habitações em condições de convívio. No entanto, a maior parte da população não se enquadra no que gostam de chamar, hoje, de "narrativa" de apresentadores e comentaristas. Com alguma dificuldade, estão preparados para serem casais, mas não para constituir família.
A discussão sobre "a possibilidade que a crise abre para que se incentive o diálogo" é fato para classes em melhores condições, mas dá com os burros na água quando pai, mãe e dois filhos ficam confinados num apartamento com cerca de 50 metros... Depois de algum tempo, fica difícil pedir e até forçar para que fiquem dentro de "casa". O clima se torna pesado e mostra para os pais que tudo o que reclamavam dos professores, agora, precisam reconhecer que tem sua origem muito mais próxima.
O processo de educação inicia em casa. Os hábitos de higiene deveriam ser aprendidos na família, durante a infância. Mas estão sendo reaprendidos por necessidade e como consequência vem o distanciamento social e o uso da máscara. Ainda se vê distraídos andarem como "papagaios de pirata" - pendurados nos ombros alheios, mas em situação normal (e não nas aglomerações causadas pela incapacidade do governo em organizar a distribuição de renda) há quem fiscalize para se respeitar as distâncias.
Profissionais têm dificuldades em dar uma boa definição para "educação" e "ensino". Pode-se referir ao primeiro como o que dá, ao indivíduo, princípios (valores, hábitos, referências...), enquanto o segundo trata da transmissão de conteúdos em diversas áreas (português, matemática, história...), mas sabendo que, além da família, a escola e as religiões deveriam ter seu papel no desenvolvimento integral da pessoa.
Para ampla parcela da população, não somente a marginalizada, também a que terceirizou a educação, este processo se deteriorou... o que não foi feito em casa foi atirado nos ombros dos professores... Pais que, agora, acompanham o aprendizado dos filhos se dão conta de que falharam. Porém, a crise pode ser tempo de oportunidades para repensar relações: a medida do Mundo não é o próprio ego, mas as "parcerias" - já que mesmo depois do erro, não deixam desistir de encontrar um novo caminho!
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