"Quando o abril acabar" foi o texto que escrevi no início daquele mês. Alerta para o quadro que se instalava, diante dos números que começavam a atropelar por parte da pandemia do coronavírus. O que eram estatísticas iniciais tornaram-se dados alarmantes indicando que o pior ainda não chegou, já que uma "contabilidade macabra" indica que recebemos com atraso dados de infectados e mortos e que não há sinais de arrefecimento na chamada curva ascendente, em curto e médio prazo.
A ausência de material para testes está dando com cerca de duas semanas de atraso uma visão do que se passa no país e as autoridades estão atordoadas porque veem o problema ser bem maior: maior número de infectados, UTIs não comportam o número de pacientes, funerárias despreparadas para tantos enterros, famílias assustadas quando tem que tratar de um doente... E o pior: o avanço do vírus que deixa os centros com maiores recursos e mostra a sua face mais perversa nas periferias...
Pesquisadores chamam a atenção para a realidade que demonstra o quanto os dados apresentados por dirigentes públicos estão desatualizados e os portais de transparência dos cartórios registram óbitos com números diferentes das estatísticas oficiais. Mais do que suficiente para que qualquer pessoa de bom senso siga na contramão de quem deseja o relaxamento das medidas de isolamento. Ao contrário - sem ser alarmistas - sabem que é hora de restringir a mobilidade social.
Entre autoridades com medo das implicações políticas e cientistas cansados de discutir o "sexo dos anjos", está a população, aprendendo da pior forma: teima em não usar máscaras, acha engraçados os cuidados da área da saúde, mas não sabe o que fazer quando sente o bafo do coronavírus... Não é mais a discussão sobre o que vai sobrar na economia, mas quem vai sobreviver para contar a história... e que história!
Seguindo as normas de proteção, num destes horários especiais de atendimento para idosos e pessoas em situação de risco, fui atendido no caixa do mercado por um rapaz de Bagé. A conversa correu em torno do frio, que era maior na sua terra. Contei da experiência de ter saído daqui, numa ocasião, para dar aulas naquela cidade, com cerca de 12 graus e cheguei lá com 7 e encarangado! Falamos a respeito de pessoas ligadas à Igreja Católica, especialmente os padres Júnior e Domingos - conhecidos comuns.
Estava de saída, quando me disse: "que Deus te abençoe!" Fiquei surpreso, mas respondi que sim, que precisamos de Sua proteção... Era bom iniciar o dia percebendo a consciência e força para tocar a vida. Energia vinda da fé, religião ou de sua crença... Pensei que a frase é clássica, mas precisa ser repetida como mantra: "vai passar!" Em tempos bicudos, não se consegue dar e receber um aperto de mão ou um abraço, mas não podem faltar, também, uma palavra de estímulo... e um olhar de carinho!
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