A quarentena dos últimos dias está mostrando o quanto estamos despreparados para enfrentar a pandemia que se aproxima. Diante das medidas tomadas em outros países, existe a cobrança para que administrações públicas tomem providências e reservem algum grande espaço a fim de transformar em "hospital" para uma suposta avalanche de casos de internação. Por enquanto é só expectativa, mas, para os técnicos em saúde pública, o receio é saber de que forma vamos estar quando o abril acabar...
O Ministério da Saúde alertou que alguns estados deixam a condição de registrar casos espaçados para uma fase descontrolada. Confirma-se a previsão de que o vírus, chegando de avião, agora embarca em metrô, ônibus, barcas e vai à periferia. O avanço está acelerando: 25 dias desde o primeiro contágio registrado até os primeiros 1.000 casos. Outros 2.000 foram confirmados em apenas seis dias e quase 4.000, de 27 de março a 2 de abril, quando a contagem bateu os 8.000 infectados.
Embora não se queira, próximos números vão silenciar os que atacam o isolamento social. E podem ficar arrepiados diante do contraste entre o que os meios de comunicação fizeram de cobertura e o que efetivamente acontece. Em programas com "dicas especializadas", basicamente para a classe média e seus admiradores, veremos um quadro do que já levou ao colapso o sistema de saúde de outros países e, o que pode parecer humor de mau gosto, até mesmo ao sistema funerário!
Assistindo a programação jornalística onde comentaristas participam de suas casas - devidamente protegidos - me dei conta do quanto o quadro é surreal: pessoas bem nutridas, bem formadas, com acesso a recursos, incentivam a que se permaneça em casa e aproveite para assistir filmes, séries e que se leia um bom livro. No contraste, a charge pelas redes sociais mostra um casebre na periferia, com o pai sentado num banquinho, a mãe grávida à porta e seis filhos encostados à parede...
Economistas afirmam que a população deveria ter poupado para um momento assim... Seria hilário, se não fosse trágico... Pouco tempo atrás, os mesmos "pseudos técnicos" incentivavam a que se consumisse para haver circulação de dinheiro e aumentar a produção, serviços e, consequentemente, empregos. Tristemente, isto não aconteceu e temos um alto índice de desempregados que contam com biscates, serviço de diarista e catam seu sustento nas ruas... Que agora vão estar desertas...
Não é momento para guerra de vaidades, mas tomar o rumo que os técnicos apontam. Dar suporte a quem está na linha de frente - médicos, enfermeiros, técnicos, pessoal de limpeza, de segurança - "soldados" que olham nos olhos do inimigo e lamentam cada uma das mortes que poderiam ser evitadas... não fosse o mau uso dos recursos públicos que jogou planejamento e recursos na lata do descaso!
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