As medidas dos governos para impedir a circulação em áreas com alta densidade demográfica geraram ao menos dois tipos de atividades alternativas: empresas de todos os tipos instalaram sistemas de "home office" para que funcionários trabalhem em casa. E no campo educacional, a impossibilidade de que aconteça a reunião de alunos nas escolas fez com que se passe a ministrar conteúdos pela internet, transformando os pais ou responsáveis em "monitores" de plantão.
O primeiro caso vem sendo ajustado há algum tempo já como uma possibilidade de trabalho. Um empresário dizia que o rendimento era semelhante ao do escritório, mas sentia falta da agilidade e troca de ideias quando alguém surgia com algo novo ou diferente e a presença física no mesmo ambiente permitia que discutissem de imediato. Mas que não era empecilho para incentivar este tipo de atuação. Pelo contrário, está aí uma ferramenta que diminui custos e, alguns casos, aumenta a produtividade.
Já o caso do "ensino a distância" formatado em tempo diminuto por professores e diretores - que estão vendo dificuldades para vencer o calendário da escola - não encontra a mesma repercussão. Muitos pais abraçaram a causa por saber que os mais prejudicados seriam os filhos, mas têm aqueles que não se sentem em condições de desempenhar esta tarefa e, até, quem não se importe, assim como ainda se tem casas em que não existe um computador ou um notebook. Então, fazer o quê?
Ouvi de aluno do "ensino a distância" de uma universidade que, em muitos casos, "a gente faz de conta que estuda e o professor faz de conta que dá aula". Uma realidade sonhada pelo meio universitário e embrionária demonstrando que pode ser a salvação da lavoura para a questão financeira, mas olhada com preocupação pela área pedagógica, aquela que tem a responsabilidade de pensar um projeto que desenvolva um maior número possível de potencialidades de crianças e jovens.
Feito num momento de necessidade, tem demonstrado o desgaste, especialmente das mães, que, em casa, acumulam mais uma função: monitorar os filhos. Angustiam-se, pois não foram preparadas e, muitas vezes, sentem-se perdidas em meio a conteúdos e orientações. Torcendo ainda para que tenham suporte - inclusive de formação - para auxiliar, mas sabendo que, especialmente com crianças da rede pública, fica difícil, pois é exatamente o que elas querem: que seus filhos tenham aquilo que elas não tiveram...
Para o ensino fundamental e médio é básico o convívio para a socialização. Junta etapas da educação - formação de valores - com o ensino - aprendizado de conteúdos. Em tempos difíceis, a escola molda a interação social e se desenvolve a empatia. Que é, em tempo de tantas atitudes "umbigocêntricas", no dizer de Carl Rogers: "ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele".
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