A mãe aproveita a rede social para falar com o filho que faz faculdade longe de casa, feliz porque pode vê-lo e o lugar onde mora; a filha aciona a câmera pelo celular para monitorar o pai que fica sesteando em casa, enquanto ela pode fazer compras, efetuar pagamentos e sair um pouco da rotina; os pais acompanham o que está acontecendo com a criança na escolinha pelo sistema que lhe permite acesso remoto...
Recursos da informática, em especial disponibilizados por redes sociais, podem ser usados de forma errada - o que não é a regra e sim a exceção. Quando pessoas, especialmente com mais idade, se dão conta de que podem conversar e brincar com os netos à distância o que se dá não é a "perda de tempo", mas a possibilidade de retirar de seus ombros uma das maiores tristezas que provocam as ausências: a saudade!
Cito o exemplo da dona Alda, vizinha, que abria um pouco da sua janela e observava quem andava nas calçadas. Reclamava que, naquele tempo, era pouco o movimento e raras "almas" passavam por ali. Também já contei que da janela do meu escritório, em casa, observo a circulação dos moradores antigos, assim como dos novos condomínios da rua. As janelas por onde "fresteávamos" o Mundo, hoje são as redes sociais!
A essência da alma humana continua a mesma... Temos à disposição recursos mais poderosos, que, no dia a dia, facilitam a vida em suas rotinas. Recentemente, mudanças de configuração de aplicativos fizeram com que aparelhos mais antigos não executassem certos programas. A cuidadora/faxineira reclamou - e com razão - que era por ali que acompanhava os filhos, horários de serviços e, até, roteiros de ônibus...
Também contaram da avó que - em vídeo conferência - ditava regras para o neto. Talvez até cansada de tanto ouvir sempre do mesmo, a filha ficava calada. Lá pelas tantas, inadvertido, o esposo (avô) resolveu também dar o seu "pitaco", dizendo o que já havia dito para o genro a respeito. Um silêncio e a reprimenda: "não te mete, fulano, não sabes que a gente não deve dar palpite na educação dos filhos dos outros?"
As redes sociais não mudam o comportamento, mas revestem o velho de uma nova roupagem. Dizer que se transforma em "perdição" é abrir mão de todo o processo de educação e influência que pais e professores, especialmente, podem ter. Naquele tripé que ainda se incluíam as religiões formam-se valores e referências que são utilizados do sinal de fumaça até as transmissões de satélites mais sofisticadas...
A política do "é tudo a mesma coisa" convence incautos de que não adianta fazer nada contra a "máquina" que devora mentes - a forma mais covarde de omissão. Educadores podem ter todas as dúvidas, mas não têm o direito de desistir. Percorrem o lugar mais difícil de se encontrar certezas: a mente humana, onde se ajustam rotas e, enfim, desabrocha - no dia a dia, do nascer ao último suspiro - a essência do se tornar gente!
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