Nossos tempos exigem figuras de referência que, com a mesma facilidade com que são alçadas ao sucesso, também caem no esquecimento. Isto se dá em praticamente todos os setores, passando pela política, economia, comunicação e, até, religião. Se olharmos para a área da produção musical, vemos supostos artistas que surgem como numa pancada de chuva de verão para, em seguida, desaparecer sem deixar rastros.
Quando Francisco foi sagrado papa, a mídia que trata das questões com mais superficialidade - por julgar que é exatamente isto o que atende às massas ou por incompetência de contextualizar a informação e protagonistas - acreditou que surgia uma figura que serviria para atender às demandas de uma sociedade que se encontra sedenta por manifestar sua fé... mas olhando com desconfiança para as religiões.
Francisco seguiu sua jornada fazendo aquilo que sempre fez: tinha uma história como homem de Deus e pensara que, chegando aos 75 anos, poderia resignar (aposentadoria para os bispos, arcebispos e cardeais) e recolher-se ao silêncio da oração e do serviço pastoral. Escolhido, enfrentou muitas dificuldades, em todos os sentidos - interna e externamente - dando uma nova perspectiva para se viver a fé, na religião Católica.
Quem procura por um banco de imagens na Internet encontra o papa em situações onde é carinhoso e atencioso com crianças, idosos, excepcionais, deficientes físicos. No entanto, "desiludidos" porque Francisco não fez o que gostariam que fizesse: expor as entranhas da Igreja sem ter uma solução para seus problemas, encontram em factoides a chance para mostrar seu "descontrole" e "agressividade".
O papa é um pastor - da forma como não se via desde João XXIII - e raramente se vê entre padres e bispos. Tivemos pontífices políticos e intelectuais, mestres em negociação internacional ou especialistas em diversas áreas do conhecimento. Hoje, precisamos de homens que se preocupem e cuidem dos outros, sem tecer longos e cansativos discursos sobre fé, esperança e caridade, que não condizem com a prática...
Não vi o filme "Os Dois Papas"... mas já gostei. Não tenho Netflix e infelizmente, espero que chegue aos cinemas de Pelotas (assim como "O Irlandês" e "Downton Abbey"), mostrando a "humanidade" de dois homens: o papa que resigna e outro que, novamente como João XXIII, não aceita "mandato tampão", certo de que a graça do Espírito sopra sobre os cardeias para iniciar as mudanças tão necessárias à Igreja.
"O amor tem muitas faces. É um erro pensar que podemos viver sem amor". Com sua correspondente, a misericórdia: "o pecado é ferida, não uma mancha. Precisa ser curada, tratada, e o perdão não é suficiente". Bom caminho é resistir a receitas fáceis: alimentando a fé, no encontro pessoal com Deus; vivendo uma religião, expressão da fé de cada um; e o mais difícil: presença social, prática efetiva - e afetiva - da caridade!
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