Visitávamos um idoso numa tarde de domingo quando a conversa enveredou para o lado da segurança de quem precisa de cuidados. Uma possibilidade muito comum, especialmente para quem está fragilizado, dorme em cama de solteiro e tem a possibilidade de cair durante a noite. Sugeri o que utilizamos com a mãe: uma grade protetora que é colocada entre o estrado da cama e o colchão. A parte lateral é removível, facilitando tanto a colocação quanto a retirada da pessoa que está no leito.
Pensei no quanto ainda temos problemas com a informação a respeito de recursos que facilitem a vida de quem depende de outros para os cuidados elementares do dia a dia. Coisas simples: grades de proteção, escora de espuma para levantar o paciente no leito comum, colocação de um travesseiro embaixo do colchão para evitar o refluxo, exercícios com bolinhas ou pequenos pesos, uso de andador, bengalas, apoio metálico no banheiro etc...
Não sou geriatra e nem médico, mas a experiência em cuidar dos meus pais alertou para coisas práticas que fazem a diferença na qualidade de quem é cuidado - assim como do cuidador. Acompanho seguidamente notícias de trabalhos realizados por Universidades preparando pessoas que acompanhem idosos e doentes. Hoje, é indispensável que estes profissionais sejam municiados de informações a respeito da necessidade de serem a extensão dos serviços básicos de cuidados com a saúde.
E por "cuidados com a saúde", aqui, estou entendendo ser veículo de informação para pessoas que muitas vezes gastam o que têm e o que não têm pagando por camas especiais e demais equipamentos caros, necessários para casos mais difíceis em que não há a colaboração da pessoa cuidada. Mas que, com um pouco de criatividade, podem tranquilamente ser substituídos por elementos próximos, à disposição nas próprias residências ou em instituições - Feira da Fraternidade, paróquias, sindicatos - que recebem doações e disponibilizam este material.
Cuidar não precisa ser um tormento. Alguém me disse que os idosos morrem, muitas vezes, porque cansaram de viver. Verdade. A ausência de familiares e de recursos que facilitem a interação e o convívio restringe e isola quem, muitas vezes, foi razão e sentido da proximidade de amigos e familiares. Não é "o que eu poderia ter feito e não fiz?" que dá razão ao cuidar, mas o fato de que - idoso ou doente - são os mesmos que, um dia, nos envolveram com a ternura de quem desejou viver intensamente toda uma vida com cada um de nós, que consideravam "seres amados"...
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