Recentemente, dois tipos de compartilhamento me chamaram a atenção pelas redes sociais: um deles de um grupo de crianças que, não tendo um celular para fazer uma selfie, utilizavam o chinelo de dedo como se equipamento fotográfico fosse... e outra bem humorada da criança que liga para a avó pedindo socorro já que a mãe não sai da Internet e ela quer atenção e precisa se alimentar.
Num outro plano, acompanhei postagens do menino desafiado por um de seus seguidores a atirar água num mendigo que ficava na sua calçada. Depois de conversar com a mãe, resolveram fazer exatamente o contrário: foram até ele para alcançar comida e minorar seu sofrimento. A reação da pessoa em situação de miséria foi de emoção que parece não ter surpreendido a mãe, mas surpreendeu o filho...
A reação da criança, em todas as idades, é de espontaneidade, mesmo que, num primeiro momento, possa parecer incomodada por estar numa situação inusitada. Mas, seguindo o exemplo de alguém que a oriente, é capaz de entender, aceitar e se tornar protagonista de ações que fazem o diferencial no tratamento de outras pessoas, porque ainda não está eivada do preconceito, seja da diferença de classe, sexo ou de cor.
Seguidamente este tema vem à discussão quando se trata de educação. Um problema sério para a geração que está sendo criada por babás eletrônicas de todas as formas - televisão, computador, tablets, smarthphones... O meu pai, seu Manoel, em muitos momentos, levava as crianças para ambientes abertos - pracinhas, parques, ou apenas para a rua - onde pudessem, segundo ele "escramuçar", "soltar os burros".
Em algum lugar, a energia precisa ser gasta. A criança passando a maior parte do tempo na companhia de outros, ao longo do dia, quando está com os pais quer tirar os atrasos. Só que os pais, por já estarem um bagaço, desejam apenas um tempo para descansar e reorganizar as próprias vidas. Gastando o mínimo necessário com os filhos, justificando-se de que passaram o dia lutando pela sobrevivência...
Criança não vem com manual de instrução e seu desenvolvimento afetivo e psicológico depende do que bebe de pessoas próximas... especialmente os pais. A inocência da crianças está sendo perdida em tenra idade. e os educadores se assustam com transtornos cada vez mais cedo. Diante de tantos desafios, uma suposta independência justifica a omissão e a ausência, que não pode ser compensada por nenhum instrumento de comunicação, nem pelo divã do psicólogo. Tristemente, são crianças que, desde cedo, se tornaram órfãs de pais vivos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário