Um dos privilégios que tive em minha vida de educador foi atuar como motivador junto a grupos da "terceira idade". Fui estudando, ouvindo profissionais, mas, meu real aprendizado, se deu na observação da vida daqueles que não se deixam apenas envelhecer, mas que, vendo seus membros perderem a graça e a leveza da juventude, sabem que, moderadamente, ainda podem fazer praticamente as mesmas coisas.
Este ano, então, quando pensei em me aposentar, me coloquei diante de novos desafios: assumir um programa de rádio satisfaz meu desejo de dar voz àquilo que as pessoas gostam de ouvir. Conto histórias, deixo mensagens, passo informações, além de brincar com meus ouvintes. No Seminário Arquidiocesano, o desafio gostoso de estar com rapazes que desejam clarear seu discernimento vocacional e tem um mundo de perguntas para serem feitas, mesmo que seja apenas para gerarem novas perguntas.
Foi no Centro de Extensão em Atenção à Terceira idade da UCPel que aprendi ao longo deste ano, semanalmente, lições imprescindíveis. Nossos encontros - Oficina de Espiritualidade - serviram para que eu e a Marli (enquanto pode) sentíssemos olhinhos sedentos de conhecimento, mas não daquele que apenas acumulamos no que o Jô Soares chamava de "cultura inútil". Queriam saber para "melhorar seus olhos", no dizer do filósofo Rubem Alves, "o melhor jeito de alimentar a alma".
Nesta segunda - 25 - estamos encerrando nossas atividades. Embora ainda haja a despedida, vão ficando as saudades: a Marli, que sobrevive graças a sua fé profunda; dona Ana, além dos quitutes, com seu olhar carinhoso; Maria de Lurdes, eterna companheira de jornadas nas comunidades; Joana, com sua alegria e espírito festeiro; as betes, uma que vence sua deficiência visual pela curiosidade e animação, a outra pelas experiências que traz da sua vida no interior; o Ireno, que não desiste de viver e leva sua muleta pelas ruas da vida; a Marlene, que aceitou o desafio de ser parceira nas redes sociais; a Circe, com a tranquilidade de seus comentários; Ivone, um poço de vontade de conhecer; a Diva, mais recente no grupo, mas não menos disposta a questionar; dona Lurdinha, participando sempre que possível, na sua simplicidade e idade avançada, sabendo que não quer parar.
Só posso dizer, de público, muito obrigado! Se iremos continuar, ou não, é outra história. Mas, saibam, as marcas que me deixaram ficam para toda a vida: a cada vez que pensar em focar na espiritualidade, estarei lembrando do testemunho de cada um de vocês - vocês são as velas preciosas que Deus colocou em meu caminho para mostrar que aprender é um privilégio para todas as idades.
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