Duas notícias e um evento: um grupo de mídia do Estado retoma uma campanha em que destaca personagens do imaginário infantil para refletir sobre o processo de educação; tramita no Senado o projeto que destina todos os recursos recolhidos com o petróleo do pré-sal para a educação. O evento: No Cursilho de Cristandade, discutimos que a responsabilidade pela educação (ou a irresponsabilidade) começa em casa – na família – e não pode ser delegada, ao menos, até que a criança tenha criado a sua própria capacidade de definir valores e referências.
Países que apostaram forte na educação (caso recente da Coréia do Sul) viram seus índices de desenvolvimento transpor todas as expectativas. Ali, os recursos foram colocados a serviço da qualificação do processo – formação de professores e qualificação dos espaços – mas também de um pacto entre a família e o estado, fazendo desta atividade o que os antigos chamavam de “ensino puxado”, onde o aprendizado era trabalhado juntamente com a disciplina necessária para estabelecer metas e não relativizar propostas.
O que livra do tão famigerado “coitadismo”, onde se acredita que poupar crianças e jovens de dificuldades irá lhe dar maior qualidade de vida. Esquecem os defensores dos “caminhos fáceis” que aqueles que não encontram obstáculos enquanto estão em processo de aprendizado, também não saberão vencê-los quando tiverem que enfrenta-los sozinhos!
Uma das brincadeiras que fiz no Cursilho foi a partir de algumas figuras onde se falava na responsabilidade que a criança aprende quando, em casa, tem que cuidar do seu quarto (Bill Gates afirmava que “não se pode mudar o Mundo, se não se arruma a própria cama”), assim como as demais coisas da casa. Hoje, é mais fácil encontrar casais que repartem tarefas, servindo como exemplo para os filhos. Infelizmente, isto ainda é recente, e se perde uma grande chance de aprendizado quando o marido ou o filho se acham no direito de deixar toalhas molhadas no banheiro, assim como outras peças de roupas...
Investir em educação não depende apenas de recursos financeiros. Até porque nossos administradores e políticos gostam de factoides: exemplo recente foi a promessa de que todas as crianças teriam tablets em mão para estudar. De que adianta tal promessa se elas não têm merenda, salas de aulas conservadas, os professores estão com salários defasados e seus espaços são inadequados para viverem o aprendizado?
Campanhas são boas, recursos são bons, mas há uma mentalidade que precisa ser mudada. E ela começa pela frase com que encerramos o encontro do Cursilho: “é comum que se diga que desejamos deixar um Mundo melhor para nossos filhos. Mas por que não podemos pensar em deixar filhos melhores para fazer um Mundo diferente?”.
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