Na minha quase aposentadoria, tenho privilegiado encontros de motivação com aqueles que estão na chamada “terceira idade”. Entre reclamações com a marcação de consultas, esquecimento de medicação ou de atenção por parte de amigos e parentes, surgem outras grandes demandas: viver mais somente tem sentido se a pessoa encontra o seu próprio caminho para viver com qualidade, na capacidade de suas ações, plenamente ocupada e tendo perspectivas de alcançar algum objetivo.
No Centro de Extensão em Atenção à Terceira Idade (CETRES) da Universidade Católica de Pelotas realizamos durante este primeiro semestre uma oficina – que se repetirá no próximo – de Espiritualidade. Um grupo fiel de cerca de 15 pessoas, além de encontrar um tempo para rezar, também fez tardes de estudos sobre as pessoas históricas que construíram o Cristianismo.
No encerramento, fomos tirar uma tarde na praia do Laranjal (corajosos em enfrentar o frio, o vento e, como diziam lá fora, “um céu emburrado”) com direito a um passeio e brincadeiras. Nos instrumentos de ginásticas instalados para que crianças e adultos tenham alternativas de complementar a sua caminhada, a noção de que todos já encontraram uma forma de cuidar do próprio físico.
Lembrei que, na Academia na qual tento encolher uma barriga adquirida com alguns anos de excessos, o Pablo sempre diz que entrar em forma depende de exercícios aliados a uma boa alimentação e qualificar o viver do dia a dia. Correto. Era exatamente a impressão que eu tinha daqueles que, ali, não viam nenhuma novidade, a não se o fato de se exercitarem ao ar livre!
Confessei que tinha aceitado o convite para realizar a Oficina somente para contentar uma amiga – a Marli – que de outra forma iria me encher a paciência por muito tempo! Mas que tinha que reconhecer que eu fora “convertido”. E como não o ser se cada um fazia de sua participação um ato de sacrifício prazeroso de deixar suas casas, discutir temas que, confessavam, “nunca tinham visto desta forma”?
Pois neste semestre conseguimos fazer dois tipos de ginástica: a física, através do aquecimento e de pequenas brincadeiras; mas também a intelectual, provocativa para o conhecimento em qualquer etapa da vida, mesmo naquela em que se julga não precisar de mais nada.
É exatamente aí que a capacidade do ser humano se regenera. A eterna curiosidade e espírito disposto a embarcar em novas aventuras bombeiam a adrenalina necessária para viver e qualificar relações num momento em que o silêncio se faz parceiro e os muitos momentos de solidão têm que deixar de ser um fardo para ser um bom companheiro.
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