Durante os protestos acontecidos em diversos centros durante a realização da chamada “Copa das Confederações”, um dos cartazes chamava a atenção: “quando precisar internar seu filho, procure uma das arenas que o governo financiou”. Este é um mote para chamar a atenção dos poderes públicos não apenas para a área da saúde, mas de todas aquelas em que o governo é displicente (educação e segurança, por exemplo), mas também aquelas em que deveria ter o controle e manter a chave dos cofres públicos afastada de corruptos e corruptores – construção dos grandes complexos e financiamento de parcerias com a iniciativa privada.
No entanto, soma-se aos problemas enfrentados em postinhos e área de urgência e emergência algo mais sério: a falta de médicos que desejam trabalhar para o Serviço Único de Saúde – SUS. Se for o caso de terem que servir no interior, então é o caos! Mas não é preciso ir longe, já nas periferias das grandes e médias cidades o serviço é precário, quando existe.
Um lobby muito forte das associações médicas quer transformar a medicina em carreira de estado, assim como já são, na área jurídica, o atendimento do poder Judiciário. Concordo, desde que o mesmo se possa fazer para professores, engenheiros... e tantas outras carreiras para as quais também os profissionais são mal remunerados e fogem de se afastar dos grandes centros.
Mesmo concordando, para qualquer profissão – aqui a dos médicos – deveria haver algumas ressalvas. Primeira: todo aquele que cursar uma universidade federal, recebendo estudo de graça, deve passar o mesmo período de tempo em qualquer cidade do interior, designado pelo poder público. Segundo: é necessário que faça um estágio junto à ONG Médicos Sem Fronteira. O objetivo seria humanizar uma profissão que, hoje, na sua maioria, negocia salários e esquece o juramento que fez em salvar vidas! Terceiro: sendo carreira de estado, ao ser nomeado, deveria ficar ao menos por dez anos no mesmo lugar e não usar de subterfúgios para, depois de um ano, receber sua transferência!
Sendo assim, meu total e incondicional apoio! Fiquem certos, poderíamos ter bons profissionais, cumprindo com a sua missão, sendo bem (creio que muito bem) remunerados, prestando um serviço que hoje nem pode ser classificado de deficiente, pois, em muitos casos, é inexistente. Por favor, vamos parar de bravatas e fazer uma negociação séria. Nesta quebra de braço entre governo e entidades médicas, somente nós é que perdemos, em muitos casos, com sequelas graves, quando não com a perda de vidas. E, nestes casos, recorre-se a quem? Ao bispo?
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