quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ciclo sobre envelhecer

Nesta quarta - 14 horas - vou estar no auditório da Católica, dentro do XX Ciclo de Palestras e Artes do Bem Envelhecer. Vou falar sobre "A dimensão espiritual no processo do cuidador". Um pouco daquilo que falo nas palestras para grupos da chamada "terceira idade" - Voltando à Sala de Aula, do Cetres e do Sesc - assim como minha experiência pessoal dos últimos três anos, com meu pai e minha mãe.
Desde que o Voltando à Sala de Aula me provocou para fazer uma participação tenho tido o prazer de receber os mais variados convites para conversar sobre o processo de envelhecimento. A grande verdade que, muitas vezes, não queremos enfrentar é, exatamente, que desde que nascemos, começamos a envelhecer!
Portanto, investir num envelhecer saudável - de corpo e de mente - é uma necessidade pela qual vamos ter que optar, mais cedo ou mais tarde. O diferencial é que, enfrentando mais cedo, também mais cedo poderemos ter respostas que, se forem retardadas, podem prejudicar e dificultar o próprio envelhecimento.
Falar para cuidadores é uma tarefa especial, porque, em muitos casos, se valoriza a doença e esquecemos de auxiliar aqueles que estão envolvidos com ela: no caso, o próprio doente, ou pessoa idosa, assim como aqueles que estão na sua volta, sendo familiar ou não.
Em tempos em que se fala tanto de que aumentamos a expectativa de vida, discutir a qualidade deste envelhecimento é fundamental. Este tipo de evento alimenta em nós a sensação de que temos uma missão, para cumpri-la precisamos estar conscientes de que ao nos tornarmos cuidadores somos profissionais, sim, mas profissionais da esperança.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Padre Zezinho, um homem de fé.

Hoje, infelizmente, não são muitas as pessoas que conhecem o padre Zezinho. Mas, para os mais velhos, ligados às Igrejas Cristãs, sempre tem uma música que ficou em suas lembranças. Semana passada, tive notícia de que teve uma isquemia. No domingo, 23, recebeu alta, passando a fazer tratamento em sua residência.
Recentemente, li seus dois últimos livros – “De volta ao catolicismo” e “Um rosto para Jesus Cristo” - e, creio, ele está atualizado e crítico com relação à religião e à sociedade. Sua releitura religiosa não deixa de ser surpreendente: ao mesmo tempo em que finca o pé defendendo sua religião, não deixa de mostrar o quanto os cristãos precisam conversar para reencontrar o caminho do puro cristianismo, do Jesus de Jerusalém.
Muitas são as atitudes que marcaram sua história: o caso de um bispo que disse ser o padre Zezinho “o mais evangélico de todos os padres”, referindo-se à sua preocupação e obstinação com o ecumenismo, a busca do reencontro com os demais credos cristãos.
Suas músicas embalaram tempos de oração, de ternura e de lazer: dos encontros de jovens ao inesquecível momento em que o papa João Paulo II ouviu um coro de milhares de vozes repetir: “abençoa, Senhor, a família, amém, abençoa, Senhor, a minha também!”. Naquele momento, não era apenas um cancioneiro de Igreja, mas um instante abençoado que comoveu o país e o Mundo!
Na sua estada em Pelotas, depois de uma apresentação e de uma Missa, alguns imaginaram um corredor de proteção para retirá-lo do pavilhão onde cantou e rezou com a mesma intensidade. Fiquei surpreso e emocionado quando ele, literalmente, “foi para as massas!”. Não arredou pé enquanto não atendeu a cada um dos que queriam um autógrafo, um abraço, uma fotografia ou a atenção para algumas palavras.
De seus últimos livros, fica a certeza de que precisamos de “Padres Zezinhos” críticos com pregadores que se acham maiores que Jesus Cristo. Homens assim – pastores, reverendos ou padres – são referenciais de fé, que os problemas de saúde não nos roubam, pois deixam um legado maior do que suas próprias histórias.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Camelôs, mercado público e trailers

Um incêndio no Camelódromo de Pelotas levantou a dúvida que percorre todas as cidades de porte médio e grande do Brasil: o que fazer com os camelôs, integrantes dos antigos mercados públicos e espaços de lanches em áreas públicas.
Muitas cidades já encontraram solução. Porto Alegre construiu um grande e belo espaço para os ambulantes, no centro da cidade, livrando as calçadas deste tipo de comércio informal. É o caminho para concentrar atividades que devem ser planejadas, com profissionais preparados, transformando as calçadas naquilo que elas devem ser: espaço para os pedestres!
Em Pelotas, o prefeito teve coragem de tirar todos os comerciantes do Mercado Público - um belo exemplar arquitetônico. Depois de se transformar em, predominantemente, uma área de venda de calçados, agora vai ser reestruturado para atender àquilo que os grandes mercados fazem pelo Brasil: uma variedade que abrange desde serviços populares, até atrativos turísticos.
A área de trailers em grandes avenidas para a comercialização de lanches é um problema: retira os passeios públicos da população, além de ter problemas com relação à sanidade dos alimentos e de excessos em todas as áreas: concentração de desordeiros, som alto, problema com delinquentes e com jovens.
Em tempos onde faltam profissionais para diversas áreas, precisamos requalificar quem está trabalhando em áreas de risco - como as três citadas - além de readequar os espaços físicos. Quem sabe, aí, não está uma boa chance de se envolver as instituições de ensino, pesquisa e extensão, que podem dar a sua contribuição.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Energia elétrica - direitos do consumidor

O Rio Grande do Sul foi vítima de uma catástrofe natural que iniciou com muita chuva, passou para fortes ventanias, chegando a um friozinho simpático com cara de meio Outono. No entanto, o que assustou os gaúchos foi o fato de que nossos serviços de eletricidade mostraram o seu pior lado: despreparados para minimizar o sofrimento das pessoas que, em muitos casos, têm outros serviços que dependem da luz: telefonia, internet, televisão a cabo, por exemplo.
Mas também no caso de saúde, pois um senhor ligou diversas vezes, sem sucesso, tentando uma resposta, resolveu buscar ajuda em alguns meios de comunicação, pois tem um paciente em casa que depende da utilização da energia elétrica para manter determinados aparelhos. Queria algo simples: se o prazo para o retorno seria curto ou longo, pois dele dependia a internação do seu familiar.
Por outro lado, passada a tempestade, agora é tempo de ficarmos de olho na conta que virá para o próximo mês. Todos aqueles que tiveram corte por mais de 12 horas tem o direito a serem ressarcidos. Também aqueles que enfrentaram horas com apenas uma fase, se houve dano a equipamentos, devem ter o concerto bancado pela concessionária.
Há diversas formas de reclamar: primeiro, aqui em Pelotas, para a própria CEEE - Companhia Estadual de Energia Elétrica (brincava-se, uma ocasião, que seria a "Companhia Encarregada de Escurecer o Estado!). Não sendo atendido, há dois caminhos, o Procon, na busca de uma solução jurídica para seus direitos, ou a ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica - que tem um telefone para atendimento no Estado, através da AGERGS - Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul: 0800 9790066.
Como as lutas feitas na questão do celular e das televisões a cabo, agora é hora de exigir nossos direitos. Fale, grite, bote a boca no trombone, se foi lesado ou se sabe de alguém que teve problemas.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Fernandão chutou o balde

Como diriam os narradores de futebol: Fernandão chutou o balde! Pois foi o que fez o técnico do Internacional de Porto Alegre quando, ao fim de um jogo vergonhoso no domingo, onde seu time saiu perdendo para um dos lanternas por 2 a 0, chamou a atenção de um time recheado de estrelas, que hoje sequer têm luz própria.
Claro que não faltaram os comentaristas de plantão, inclusive o técnico adversário (Luxemburgo, do Grêmio), para criticar a atitude. Pois o Fernandão disse aquilo que todos os setoristas do Inter dizem há muito tempo: quem manda no clube são os jogadores, especialmente uma rodinha seleta, tendo poder de fogo para admitir ou demitir treinadores! Grupo do qual o próprio Fernandão já fez parte!
Pois, agora, a sacudida foi grande e mexeu com os brios de jogadores que preferiram ficar quietos a alimentar a fogueira. Luxa foi oportunista, faz parte de um grupo seleto de treinadores brasileiros que também fazem um "jogo" para que permaneçam em evidência nos principais clubes do país, se possível, evitando a entrada de novos valores.
Um Fernandão que questiona o que foi estabelecido coloca em risco o próprio jeito de fazer futebol, hoje, no Brasil: com interesses escusos em todos os níveis!
Sou colorado (creio que hoje não muito fanático), mas vi na atitude do Fernandão uma esperança de que se volte a ter no futebol um esporte popular, marcado por jogadores que - podem até ganhar bem - mas vistam a camiseta.
O que vemos, hoje, são mercenários atirando conforme seus interesses e não o das torcidas que lhes pagam os salários. A inconformidade do treinador deve merecer respeito e apoio daqueles que, muitas vezes, fazem sacrifícios para comprar um ingresso e tentam acompanhar seus clubes em qualquer situação.
Num tempo novo em que estamos vivendo, onde alguns membros do judiciário nos dão esperança de que não apenas ladrões de galinhas vão para a cadeia, quem sabe também no futebol, se reestabeleça uma relação de honestidade, enchendo de alegria os olhos de quem quer, apenas, ver a bola correr e seu time ganhar!

sábado, 15 de setembro de 2012

Oferecendo a meu pai um braço amigo

As redes sociais, seguidamente, compartilham fotos de idosos ou de situações que envolvem idosos. É o que basta para lembrar meus pais, que alcançariam, este ano, 87 Invernos. Infelizmente, meu pai partiu no início no Verão do ano passado, e dona Francinha está em recuperação, mas sentindo as esperanças da Primavera!
Foram muitas situações vividas e sentidas com os dois. Numa ocasião, numa praia do norte do Estado, precisávamos atravessar uma rua movimentada, do supermercado em que meu cunhado trabalhava em direção à sua casa. Minha mãe já tinha segurado um de meus braços. Olhei para meu pai, que parecia confuso. Disse, sorrindo e oferecendo: "tem o outro braço". Ele segurou meu braço e foi com alegria que atravessei a rua com meus pais amparados. E amados.
Depois disto, foram muitas ocasiões em que compartilhamos situações de dependência: higiene, movimentar-se pela casa, chegar à calçada, aproveitar a sombra de uma árvore do quintal ou os poucos passos dados – na última vez que saímos de casa para um passeio - com o andador na Praia do Laranjal.
Não era a quantidade, mas o quando aproveitávamos em intensidade cada momento! Andar alguns passos tinha o valor de quilômetros de uma maratona! Mas conviver era – e continua sendo – um prazer inesgotável: nem que seja apenas numa lembrança!
Meus três tesouros: minha irmã, mãe e pai.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Saúde pública: reze para entrar, torça para sair.

Uma das manchetes de jornal de Porto Alegre, de hoje, (sexta – 14) é: “SUS perdeu quase 42 mil leitos nos últimos sete anos, indica estudo. Entre as especialidades mais atingidas estão psiquiatria e pediatria”. Não há como, olhando para estes dados, lembrar da situação do agricultor que morreu, depois de percorrer mais de mil quilômetros em busca de tratamento médico.
O sofrimento começou quando tropeçou em um fio de arame e causou um ferimento, no interior de Cachoeira do Sul. Estava iniciado o seu infortúnio: atendido no Pronto Socorro, não havia recursos adequados, teve que recorrer a Bagé, onde a situação se complicou e voltou a Cachoeira, somente tendo que fazer um exame em Santa Cruz do Sul, a 300 quilômetros. De volta à cidade de origem, não resistiu a uma cirurgia que lhe amputaria a perna.
Em tempo de campanha eleitoral, olhar para as propagandas dos candidatos, em todos os municípios, cheira a desrespeito e mesmo a deboche: todos têm pronta a receita para qualificar a saúde, fazendo delas algo como “nunca aconteceu neste país”.
Infelizmente, todos eles já foram candidatos e já apoiaram candidatos que, em outras eleições, prometeram o mesmo e não cumpriram, ou fizeram muito pouco para transformar esta realidade.
Infelizmente, hoje, do posto de saúde, passando pelas unidades de pronto atendimento, até chegar ao pronto socorro, os problemas vão se acumulando, com a falta de profissionais, de especialistas, de recursos e de vontade política.
A saga de Almedorino Élcio da Silva é a saga do brasileiro que depende do SUS (mas também, hoje, não é muito diferente daqueles que dependem da iniciativa privada): rezam para entrar, mas não sabem se vão sair.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O "novo" na campanha eleitoral

Tentei assistir aos programas de televisão com os candidatos à prefeitura de Pelotas e à Câmara de Vereadores: não deu! Não há, absolutamente, nada de novo, mesmo que muitos se digam o "novo". Todos os discursos se repetem de uma forma ou de outra, e não muda sequer a roupagem.
Como dizer que há algo de "novo", se, dos que têm mais chances, dois são da base do governo; um é sequência do governo federal e estadual e outro está na base estadual, todos tendo que explicar ações - nos três níveis, que não têm explicações?
Já vislumbro dois que vão para o segundo turno. Embora sendo políticos interessantes, aparecem meio apagados, parecendo desconfortáveis diante da situação de "candidatos" preferenciais por seus partidos.
Para vereador, então, o quadro é um caos! Alguns nomes despontam como prováveis. Em alguns casos, porque realmente são diferenciados por sua atuação, no entanto, dificilmente haverá uma mudança significativa na composição da Câmara de Vereadores, porque há, ainda, uma política clientelista, que resulta na reeleição por diversos mandatos.
Hoje, quando conversava com padres, pastores e reverendos, ainda falava na necessidade de voltarmos a formar nossos jovens: em grupos de jovens ou espaços de convívio social, ou mesmo pelas redes sociais, buscarmos a participação em política estudantil, quem sabe política operária e política universitária.
Alguns ainda devem lembrar dos bons tempos da JEC - Juventude Estudantil Católica, assim como a JOC - Operária Católica - e a JUC - Universitária Católica. Olhando para os melhores quadros que temos hoje, alguns ainda são reminiscência deste tempo ou beberam da fonte de quem viveu um tempo em que fazer política era, de fato, algo muito sério, serviço e comprometimento com as causas sociais.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Diálogos da Comunicação

Encontro-me nesta quarta (12), a partir das 9 horas, com o Grupo Ecumênico de Pelotas – GEPel – para tratar do tema “Diálogos da Comunicação”. O convite partiu do coordenador do Grupo, padre Luiz Boari, e será realizado na Comunidade Cristo Redentor, da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, na avenida Assis Brasil, 350, Três Vendas.
A comunicação passa ao menos por três estágios – a pessoal, a de grupo e a dos meios de comunicação. Não há como trabalhar uma delas sem que se entendam as demais. Pretendo mostrar a importância de conhecer, especialmente, as estratégias que são utilizadas para chegar aos diversos públicos.
Em 1997, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil fez uma reunião específica, em Itaici, São Paulo, tratando da comunicação. Convidou para a abertura um publicitário que, entre outras coisas, disse que ao homem atual não falta fé, falta que ele perceba que as religiões que lhe são oferecidas auxiliem no desenvolvimento da sua fé.
Dos olhares que lanço sobre a Igreja Católica e as demais igrejas Cristãs, creio que um bom elemento de aproximação é redescobrir o Jesus histórico: seus gestos, suas relações, seu jeito de viver.


Hoje, muitos teólogos olham para os textos evangélicos e se perguntam: será que foi exatamente isto que Jesus disse? Isto não tem importância quando percebemos que, em Jesus, está um pedagogo, um homem disposto ao diálogo e, sobretudo, um grande comunicador - capaz de exemplificar com a própria vida o jeito de encontrar a felicidade.

domingo, 9 de setembro de 2012

Futebol e o tempo que passa

Um treinador já disse que o "futebol é uma caixinha de surpresa". Pensei nisto quando conversei com o Hélio, que me atende na Farmácia São João, gremista dos quatro costados, a respeito do jogo de ontem (sábado), contra o Corintians, que já eram consideradas favas contadas. Pois não é que o resultado contrariou a lógica e o Grêmio foi batido por três a zero?
Bem que desejei tocar uma flauta hoje pela manhã, mas quando passei pela Farmácia, em direção ao hospital, onde fui cuidar da dona França até o meio-dia, ainda estava fechada. Pena, creio que a graça de ser gremista ou colorado, como dizia o radialista Lauro Quadros "é que gremista, mais do que gremista é anti-colorado e colorado, mais do que colorado, é anti-gremista".
Já vivi bons momentos acompanhando futebol: nos anos 70, quando o Inter foi três vezes campeão nacional, inclusive, muitas vezes, estando dentro do estádio. Hoje, me contento em assistir jogos pela televisão, por diversos ângulos e tendo a vantagem de ver os lances novamente.
Era a respeito disto que falava ontem com o Charles: as comodidades que temos dentro de casa nos acomodam e dão chance de preencher por atividades lúdicas muitos momentos, até hoje, ociosos.
Talvez este seja o motivo que, ao longo do ano, reclamamos por parecer que o tempo passa muito rapidamente. É verdade, pois o ocupamos em maior intensidade, não sei se com mais qualidade. A reclamação é que se combina um reencontro de amigos, mas passam-se dias, semanas, às vezes meses sem que ninguém se movimente para concretize o combinado.
No entanto, nestes dias de convívio em hospital, é que se tem a noção exata do tempo: ele não passa! Fico, então, com a outra alternativa, pois, ao menos, ter o tempo preenchido dá a sensação de que a vida continua.

sábado, 8 de setembro de 2012

Facebook Anônimos

Ainda não encontrei, mas se alguém já tomou conhecimento de um FA (do tipo AA -

Alcoólatras Anônimos) pode me enviar uma ficha. Na verdade, seriam os Facebook Anônimos!
Viciei. Não que eu saiba fazer muita coisa: mas sei "curtir" as belas mensagens, o bom humor, as coisas fofas (fofuxas), as notícias de amigos e parentes, um fluxo de informação e de elementos que nos dão prazer.
Também sei "comentar", quando a gente sente que tem algo a dizer a respeito do que foi postado e acha que vale a pena reforçar uma mensagem, ser solidário, ou brincar com um amigo.
E, vício dos vícios, sei "compartilhar". Algo que me interessou demais, quero fazer com que meus quase dois mil amigos também saibam. Eles vão receber a mensagem original e o que eu penso a respeito. Não precisa ser, sempre, concordino, em alguns casos, uso de postagens para mostrar o outro lado.
No demais, não sei e não quero aprender a fazer mais: curtir, comentar e compartilhar já fazem com que me sinta realizado nesta rede social e transborde aquilo que eram comentários banais para repercussão de coisas da vida: a solidariedade na doença da dona França, o pão que a Denise aprontou, o aniversário da Maria de Lurdes.
O Facebook é um belo instrumento de comunicação. E, como bem dito: um instrumento. Faço dele um bom uso. Sei que também se presta para outras coisas, mas não é com elas que desejo me preocupar.
FAs da vida, curtam, comentem, compartilhem. Façamos uma rede que valoriza a vida, a amizade, a fé e a ternura. O resto, que se perca pelos esgotos do esquecimento.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Família, a cumplicidade do conviver

Brinco em palestras que, sempre achei, que fazendo graduação em Jornalismo, especialização em Educação, mestrado em Letras e Desenvolvimento Social, tinha fechado o meu ciclo de aprendizado. No entanto, nos últimos três anos, fiz graduação, especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado em envelhecimento!
Mas, se muitos momentos são difíceis, todos são contornáveis e sempre guardam alguma lembrança boa. É interessante lembrar que, do tratamento de meu pai - seu Manoel - de um câncer, tendo morrido em março do ano passado - nenhum de nós guardou as lembranças de dor e angústia, mas o seu bom humor, a cumplicidade que se estabeleceu e o espírito de família que vivemos.
Pois com a dona Francinha, agora, não tem sido diferente: A Vanessa - neta, trouxe a Camila, bisneta. Propiciaram esta foto que é de emocionar, parece que as duas - entre os balbucios da dona França e os "guga, guga" da Camila, estabelecem uma conversa que nós, os demais, não conseguimos entender.
Entre alguém que chegou ao auge da vida e ao seu declínio e quem recém está iniciando, há um elo que faz a história das relações humanas: não sabemos viver sem nossos laços familiares!
Tenho dito e repetido: quando consigo ter meus familiares ao lado para auxiliar no cuidado com a dona França, não quero me eximir das minhas responsabilidades. O que se quer é ter alguém com quem compartilhar estes momentos, estas vivências.
Depois de muito tempo sem mover com os braços, ontem, no hospital, dona França já os levantava em busca de figuras hipinóticas, fruto de um calmante. Mas era um avanço. Quanto tempo ela não fazia isto!
Sua mão procurando a minha, seu olhar procurando o meu, seu sorriso ao me reconhecer, são detalhes que a vida guarda e passa a fazer parte das nossas lembranças e da nossa história: não sei se está escrito, mas a grande verdade é que não basta viver, é preciso conviver, na cumplicidade de aproveitar e agradecer por cada dia a mais que Deus nos dá.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Uma chance para a vida: aumenta a doação de órgãos

No início desta semana, a imprensa destacou o aumento no número de doadores de órgãos no Brasil. Ainda bem que, no Rio Grande do Sul, há algum tempo, isto vem sendo expressivo, pois além de campanhas muito bem feitas - destaque-se o trabalho da Adote, capitaneada pelo Chico Assis - ainda temos hospitais de referência para transplantes.


Passando, agora, algum tempo dentro de hospitais, acompanhando minha mãe, pode-se ver o quanto este trabalho é fundamental. Encontramos pessoas que poderiam ser beneficiadas e mudar a sua qualidade de vida, somente com o resultado das estatísticas de acidentes de trânsito.
Senão, vejamos: no último final de semana, 17 pessoas perderam a vida nas estradas gaúchas. Se, ao menos, a metade fosse doadora, em curto espaço de tempo teríamos diminuído sensivelmente as filas de espera.
Meu pai foi o precursor em colocar na sua carteira de identidade que era doador. Logo em seguida, também coloquei na minha um selo da Adote que mostra a minha disposição de que, em caso de falecimento, também meus órgãos sejam doados.
Mas não é suficiente. Infelizmente, a última decisão é da família. Por este motivo, é necessário que se estabeleça uma espécie de "equipe de motivação". Por ser um momento de fragilidade, em muitos casos, a decisão fica difícil. As pessoas não se dão conta de que a doação é uma forma de fazer aquele ente querido continuar vivendo. Não queremos perdê-los, mas porque deixar que seus órgãos voltem à terra, se podem salvar diversas vidas?
O doador, antes de mais nada, precisa conversar muito com seus familiares para mostrar sua decisão. E, no momento do infortúnio, amigos e demais familiares têm que estar presente e auxiliar na efetivação deste desejo. Afinal, a viagem final não se faz com o corpo, mas sim com o espírito. E, creio, ele fica mais leve se não nos apegarmos aquilo que "é pó e ao pó voltará".

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Os dramas da saúde pública e privada

Na manhã de segunda, combinei com uma equipe de remoção da Unimed Pelotas o transporte - pelo custo de 60 reais - da dona Francinha - minha mãe - para o Pronto Atendimento, a fim de tentar fechar feridas - algumas já em fase de escaras - necessitando de remoção de tecidos necrosados e raspagem das feridas. Na terça, aconteceu o deslocamento sendo prontamente atendida por um clínico geral que, nos disse, ser necessária a atuação de um cirurgião para o procedimento.
Nossa agonia se estendeu desde as 14 horas até quase 20 horas, quando houve o atendimento cirúrgico e a surpresa: além das feridas, aparecia, muito fortemente, um processo infeccioso, sendo, portanto, necessário internação. Como já era quase 21 horas, não havia quem se responsabilizasse, portanto, ficou no pronto atendimento até esta quarta, quando conseguiram um quarto.
Com tanto tempo à disposição para não fazer nada - o que é uma coisa horrível em meio a todos os males e tormentos - passamos a tentar um atendimento domiciliar, que a Unimed chama de "Home care", já que o processo de cicatrização tem sido difícil e dona Francinha praticamente não auxilia em nenhum movimento físico. As respostas eram evasivas, passando pela dificuldade de incluir no programa que, segundo diziam, sempre estava cheio, além de que sua atuação era relativamente restrita.
Ao médico que fechou o processo, tive que constatar que, então, era melhor estar em tratamento no SUS e pensar no Programa de Internação Domiciliar que, em Pelotas, vem sendo ampliado, assim como qualificado. Sorriu e disse que não poderiam competir com a Universidade Federal.
Minha irmã veio de Canela, onde recentemente precisou de tratamento para detectar e cuidar de um tumor benigno. Ficou surpresa em como tudo aconteceu com agilidade, desde o clínico geral, passando pelo especialista, até os exames necessários. Foi o mesmo que nos disse minha sobrinha que veio de Florianópolis, onde diz que o sistema de postinhos funciona, assim como as Unidades de Pronto Atendimento e o Pronto Socorro.
Se isto funciona em outros centros, porque sofremos tanto aqui em Pelotas? O atendimento a um idoso ou alguém com algum problema mais sério, deveria ser uma prioridade. Mas não é o que vemos na saúde pública e sequer na privada. Infelizmente, parece que a segunda se espelha na primeira para - guardando as devidas proporções - ter as mesmas mazelas, no que se refere à inoperância e à incompetência.
Para nós, este capítulo ainda não está encerrado. Tenho certeza que vamos precisar novamente destes serviços, então é necessário se munir de muita paciência e lutar para que se faça justiça, cumprindo o que diz a nossa lei maior de que "a saúde é um direito universal do cidadão".

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Cardeal Martini: Igreja Católica está 200 anos atrasada

Algumas coisas eu já disse, outras, nem eu mesmo tive coragem de dizer. Enviado pela Beatriz Ferreira.

Última entrevista do ex-arcebispo de Milão foi publicada neste sábado pelo ‘Corriere della Sera’, 01-09-2012.
O jornal italiano “Corriere della Sera” publicou, neste sábado (1), a última entrevista do cardeal Carlo Martini, ex-arcebispo de Milão que morreu nesta sexta-feira, aos 85 anos. Na conversa, gravada em agosto , o religioso disse que “a Igreja Católica está cansada” e “200 anos atrasada”.
Destaque entre os católicos progressistas, Martini defendia um posicionamento mais liberal da Igreja Católica, pois acreditava que só assim a instituição iria se aproximar novamente das pessoas. Entre as medidas pregadas pelo ex-arcebispo para conter o afastamento dos fiéis estavam o reconhecimento dos erros do passado e a implantação de mudanças radicais na instituição, começando pelo próprio Papa.
“A nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas são grandes e estão vazias e a burocracia aumenta, os nossos ritos religiosos e as vestes que usamos são pomposos”, disse na entrevista, concedida a um padre jesuíta. “Sei que não podemos nos livrar disso facilmente, mas pelo menos poderíamos tentar ser como os homens livres e mais próximos dos fieis”.
O cardeal sofria de Mal de Parkinson há dez anos. Seu corpo será enterrado na segunda-feira, em Milão. Confira a entrevista:
Como o senhor vê a situação da Igreja?
A Igreja está cansada na Europa do bem-estar e na América. A nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas são grandes, as nossas casas religiosas estão vazias, e o aparato burocrático da Igreja aumenta, os nossos ritos e os nossos hábitos são pomposos. Essas coisas expressam o que nós somos hoje? (...)
O bem-estar pesa. Nós nos encontramos como o jovem rico que, triste, foi embora quando Jesus o chamou para fazer com que ele se tornasse seu discípulo. Eu sei que não podemos deixar tudo com facilidade. Menos ainda, porém, poderemos buscar pessoas que sejam livres e mais próximas do próximo, como foram o bispo Romero e os mártires jesuítas de El Salvador. Onde estão entre nós os nossos heróis para nos inspirar? Por nenhuma razão devemos limitá-los com os vínculos da instituição.
Quem pode ajudar a Igreja hoje?
O padre Karl Rahner usava de bom grado a imagem das brasas que se escondem sob as cinzas. Eu vejo na Igreja de hoje tantas cinzas sobre as brasas que muitas vezes me assola uma sensação de impotência. Como se pode livrar as brasas das cinzas de modo a revigorar a chama do amor? Em primeiro lugar, devemos procurar essas brasas. Onde estão as pessoas individuais cheias de generosidade como o bom samaritano? Que têm fé como o centurião romano? Que são entusiastas como João Batista? Que ousam o novo como Paulo? Que são fiéis como Maria de Mágdala? Eu aconselho o papa e os bispos a procurar 12 pessoas fora da linha para os postos de direção. Pessoas que estejam perto dos pobres e que estejam cercadas por jovens e que experimentam coisas novas. Precisamos do confronto com pessoas que ardem, de modo que o espírito pode se difundir por toda parte.
Que instrumentos o senhor aconselha contra o cansaço da Igreja?
Eu aconselho três instrumentos muito fortes. O primeiro é a conversão: a Igreja deve reconhecer os próprios erros e deve percorrer um caminho radical de mudança, começando pelo papa e pelos bispos. Os escândalos da pedofilia nos levam a tomar um caminho de conversão. As questões sobre a sexualidade e sobre todos os temas que envolvem o corpo são um exemplo disso. Estes são importantes para todos e, às vezes, talvez, são até importantes demais. Devemos nos perguntar se as pessoas ainda ouvem os conselhos da Igreja em matéria sexual. A Igreja ainda é uma autoridade de referência nesse campo ou somente uma caricatura na mídia?
O segundo é a Palavra de Deus. O Concílio Vaticano II restituiu a Bíblia aos católicos. (...) Somente quem percebe no seu coração essa Palavra pode fazer parte daqueles que ajudarão a renovação da Igreja e saberão responder às perguntas pessoais com uma escolha justa. A Palavra de Deus é simples e busca como companheiro um coração que escute (...). Nem o clero nem o Direito eclesial podem substituir a interioridade do ser humano. Todas as regras externas, as leis, os dogmas nos foram dados para esclarecer a voz interior e para o discernimento dos espíritos.
Para quem são os sacramentos? Estes são o terceiro instrumento de cura. Os sacramentos não são uma ferramenta para a disciplina, mas sim uma ajuda para as pessoas nos momentos do caminho e nas fraquezas da vida. Levamos os sacramentos às pessoas que precisam de uma nova força? Eu penso em todos os divorciados e nos casais em segunda união, nas famílias ampliadas. Eles precisam de uma proteção especial. A Igreja sustenta a indissolubilidade do matrimônio. É uma graça quando um casamento e uma família conseguem isso (...).
A atitude que temos com relação às famílias ampliadas irá determinar a aproximação à Igreja da geração dos filhos. Uma mulher foi abandonada pelo marido e encontra um novo companheiro que cuida dela e dos seus três filhos. O segundo amor prospera. Se essa família for discriminada, não só a mãe é cortada fora, mas também os seus filhos. Se os pais se sentem fora da Igreja, ou não sentem o seu apoio, a Igreja perderá a geração futura. Antes da Comunhão, nós rezamos: "Senhor, eu não sou digno...". Nós sabemos que não somos dignos (...). O amor é graça. O amor é um dom. A questão sobre se os divorciados podem comungar deve ser invertida. Como a Igreja pode ajudar com a força dos sacramentos aqueles que têm situações familiares complexas?
O que o senhor faz pessoalmente?
A Igreja ficou 200 anos para trás. Como é possível que ela não se sacuda? Temos medo? Medo ao invés de coragem? No entanto, a fé é o fundamento da Igreja. A fé, a confiança, a coragem. Eu sou velho e doente e dependo da ajuda dos outros. As pessoas boas ao meu redor me fazem sentir o amor. Esse amor é mais forte do que o sentimento de desconfiança que às vezes eu percebo com relação à Igreja na Europa. Só o amor vence o cansaço. Deus é Amor. Eu ainda tenho uma pergunta para você: o que você pode fazer pela Igreja?
Fonte: http://www.domtotal.com/noticias/detalhes.php?notId=498280